Il Messaggiere - Membros estrangeiros da Resistência entram no Panteão de heróis da França

Membros estrangeiros da Resistência entram no Panteão de heróis da França
Membros estrangeiros da Resistência entram no Panteão de heróis da França / foto: Stephane de Sakutin - AFP

Membros estrangeiros da Resistência entram no Panteão de heróis da França

Oitenta anos depois de sua execução pelos nazistas, a França presta homenagem a 24 estrangeiros membros da Resistência, cujas histórias entram para a posteridade com a chegada dos restos mortais do mais famoso deles, Missak Manouchian, ao Panteão nacional.

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Na entrada da cripta onde vão repousar os restos mortais de Manouchian e sua esposa, Mélinée, os nomes de seus 23 companheiros de armas, como Joseph Epstein, Golda Bancic, Rino Della Negra e Celestino Alfonso serão gravados no "templo dos imortais".

"Judeus, húngaros, poloneses, armênios, comunistas, deram sua vida por nosso país", disse ao jornal L'Humanité o presidente francês, Emmanuel Macron, para quem "algumas" formas da Resistência interna foram "esquecidas por tempo demais".

Embora seu número seja incalculável, milhares de estrangeiros - judeus do leste europeu e da Europa Central, republicanos espanhóis que fugiam do franquismo, italianos antifascistas, etc, lutaram na clandestinidade na França contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas, a partir de 1960, o então presidente Charles de Gaulle decidiu "estruturar" a memória oficial do conflito, deixando "um pouco esquecidos" os resistentes "estrangeiros, comunistas e judeus", explicou à AFP Jean-Baptiste Romain, diretor dos sítios memoriais da região de Paris.

Para simbolizar seu retorno, Macron escolheu a figura do mais famoso, o armênio Manouchian. Este apátrida, que sobreviveu aos massacres armênios no Império Otomano, se uniu à resistência na França e organizou ataques contra as forças alemãs até ser detido em novembro de 1943.

Esta reunião da resistência "gaullista" e comunista começou na véspera, quando o caixão de Manouchian recebeu homenagens no Memorial do Monte Valérien, nos arredores de Paris, onde foi fuzilado em 21 de fevereiro de 1944, juntamente com grande parte de seu grupo.

- "Grande herói" -

Embora seus restos não entrem no Panteão, o nome de 22 membros de seu grupo, FTP-MOI (Franco-atiradores e Partidários - Mão de Obra Imigrante, em tradução livre), assim como o líder dos FTP da região de Paris, Joseph Epstein, serão gravados no templo que homenageia os personagens ilustres da França.

"É uma alegria. É como se meu pai entrasse no Panteão", disse à AFP Georges Duffau-Epstein, de 82 anos, único filho vivo dos 24 resistentes homenageados. A homenagem é ainda mais necessária oito décadas depois, quando as ideias da extrema direita avançam na Europa, advertiu.

A presença da líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, na cerimônia, prevista para esta tarde, gerou mal-estar entre os familiares. "Sou filho de imigrantes, meus pais eram poloneses, e se Marine Le Pen tivesse estado no poder, nunca teriam podido viver na França", criticou Duffau-Epstein.

Os descendentes esperaram 80 anos por esta homenagem e para curar as feridas de seus sacrifícios para libertar a França, caso de Juana Alfonso, neta do espanhol Celestino, um dos "panteonizados" e cujo trágico fim marcou a vida de seu pai, Juan. "Meu pai morreu muito cedo, com 33 anos, de dor", assegura à AFP.

"Fico triste de que meu pai não veja isto porque precisava por todo o sofrimento que viveu", afirmou sobre a homenagem esta diretora de creche de 57 anos, para quem seu avô, que lutou na Guerra Civil Espanhola antes de entrar na resistência, era um "grande herói".

O nome de Celestino já foi imortalizado no "Affiche Rouge" - cartaz vermelho de propaganda nazista contra o "exército do crime" de Manouchian -, mas Juana tenta há anos que a cidade de Paris dedique o nome de uma rua a ele.

S.Rovigatti--IM