Il Messaggiere - 'Meu medo era perder meus bebês' para a dengue, diz uma grávida no Peru

'Meu medo era perder meus bebês' para a dengue, diz uma grávida no Peru
'Meu medo era perder meus bebês' para a dengue, diz uma grávida no Peru / foto: Juan Carlos CISNEROS - AFP

'Meu medo era perder meus bebês' para a dengue, diz uma grávida no Peru

"Meu medo era perder meus bebês", disse à AFP Josselyn Caqui, uma mulher grávida deitada em uma cama de hospital depois de contrair dengue, que, alimentada pelo fenômeno climático El Niño, registrou um número recorde de casos e mortes no Peru.

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Grávida de 15 semanas, Caqui, de 32 anos, que está esperando gêmeos, está internada há cinco dias no hospital Sergio Bernales, no distrito de Comas, ao norte de Lima, onde dezenas de pacientes infectados são tratados diariamente.

"Não sei como fui infectada. É horrível ter dengue em meu corpo", disse ela à AFP de sua cama coberta por um enorme tule branco que a protege de novas picadas do mosquito que transmite o vírus.

O hospital montou uma ala separada para a dengue, onde mais de 20 pacientes gravemente enfermos estão sendo tratados.

A dengue é uma doença viral contraída por meio de picadas de mosquito, mas não é transmitida entre humanos. Em mulheres grávidas, há um risco potencial de transmissão para seus bebês.

O Peru registrou 147 mortes em decorrência da doença e mais de 155.000 casos registrados até 17 de abril, de acordo com o Ministério da Saúde. Esses números excedem em muito as 39 mortes e 34.000 casos registrados no mesmo período em 2023.

A dengue está atingindo fortemente a capital de 10 milhões de habitantes. Os casos totalizaram 30.000 entre janeiro e abril, 33 vezes mais do que os 900 registrados em 2023.

"Estamos em uma curva ascendente em Lima por causa de sua densidade populacional", disse o ministro da Saúde, César Vásquez, ao jornal El Comercio.

A doença potencialmente fatal, que causa febre, dor de cabeça, desconforto muscular e nas articulações, é transmitida pela picada de um mosquito infectado, o "Aedes aegypti".

"Eu temia por minha vida, mas agora estou um pouco mais estável", disse o estudante Alonso Vergaray, de 18 anos, que sofreu uma hemorragia na garganta devido à dengue.

"Eu me sentia mal de um momento para o outro, não tinha apetite, minha força se foi", contou o pedreiro Luis Camacho, de 60 anos, que foi hospitalizado há quatro dias.

O hospital Sergio Bernales, localizado no sopé de uma colina, tratou 2.200 pessoas entre janeiro e abril. O número é mais de 200% maior do que o registrado no mesmo período em 2023, de acordo com a especialista em doenças infecciosas Diamantina Moreno.

"Fiquei preocupada quando soube que as pessoas estavam morrendo" por causa da dengue, disse à AFP Carla Soto, uma estudante de 18 anos que sofreu hemorragia vaginal em consequência da doença.

As altas temperaturas provocadas pelo fenômeno climático El Niño, entre meados de 2023 e março de 2024, favoreceram a proliferação da dengue, uma vez que "este clima é propício para a reprodução" do mosquito, destacou Moreno.

O Ministério da Saúde do país tem realizado ações de controle dos focos e fumigação em casas, mercados e parques para combater o mosquito.

A situação levou o governo peruano a declarar emergência sanitária em 20 de suas 25 regiões em fevereiro.

P.Conti--IM