

Canadá pede unidade contra invasão russa com G7 dividido por nova postura dos EUA
O Canadá pediu, nesta quinta-feira (13), aos países do G7 que apoiem a Ucrânia contra a agressão armada russa, já que a abordagem mais conciliatória a Moscou do novo governo dos Estados Unidos dividiu o grupo das sete democracias mais industrializadas do mundo.
Os ministros das Relações Exteriores do G7 (Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos) estão reunidos por três dias em Charlevoix, às margens do rio Saint-Laurent, na província de Quebec.
A reunião acontece antes da cúpula de chefes de Estado e de governo do G7, que será realizada na província canadense de Alberta em junho.
Antes caracterizado por uma forte unidade, o G7 foi abalado pelo retorno ao poder do republicano Donald Trump, que se aproximou da Rússia em plena invasão da Ucrânia e também impôs aumentos de tarifas a aliados próximos, incluindo México e Canadá, seus parceiros no Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (T-MEC).
Abrindo a sessão formal do G7, a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, expressou seu desejo de encontrar maneiras de continuar "apoiando a Ucrânia diante da agressão ilegal da Rússia".
"Todos nós queremos uma paz justa e duradoura na Ucrânia", afirmou.
"Só haverá paz na Europa através da força", advertiu, por sua vez, a ministra alemã Annalena Baerbock, pouco antes do início das conversas.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, expressou o interesse de que o G7 evite usar uma linguagem "antagônica" em relação à Rússia, por considerar que isso prejudicaria os esforços diplomáticos para pôr fim a uma guerra que já matou dezenas de milhares de pessoas desde fevereiro de 2022.
Rubio chegou ao Canadá na quarta-feira vindo de Jidá, na Arábia Saudita, onde a Ucrânia aceitou uma proposta de Washington para um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia.
No entanto, o principal conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov, jogou água fria no assunto ao afirmar que uma trégua só daria à Ucrânia um alívio temporário.
O próprio presidente Vladimir Putin disse, enquanto acontecia a reunião do G7, que está "pronto" para falar de uma trégua, mas que antes "há nuances" e "questões importantes" a serem resolvidas para que a Rússia possa aceitá-la.
Em entrevista realizada em paralelo ao encontro do G7 à emissora CNN, a alta representante de Relações Exteriores da União Europeia, estoniana Kajas Kallas, ressaltou: "Quero enfatizar que, se a Rússia quer acabar com esta guerra, simplesmente tem que parar de bombardear a Ucrânia. Que retire suas tropas. E a guerra terá acabado", disse.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, disse que o G7 deve se concentrar em "garantir que a Ucrânia esteja na posição mais forte possível para alcançar uma paz justa e duradoura".
- 'Soberania não é negociável' -
Antes da reunião geral, a canadense Joly se encontrou com Rubio, a autoridade americana de mais alto escalão a visitar o país desde que Trump voltou ao poder, que disse que o país vizinho deveria ser anexado como o "estado de número 51" dos Estados Unidos.
Eles trocaram beijos no rosto e apertaram as mãos antes de se sentarem ao lado das bandeiras americana e canadense, que estavam na mesma altura. Os dois não responderam a nenhuma pergunta.
Antes do encontro bilateral com Rubio, Joly disse à imprensa: "A soberania canadense não é negociável."
Na quarta-feira, Rubio defendeu o tom de Trump, mas disse que não planejava discutir "como vamos tomar o controle do Canadá" na reunião do G7.
As tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio entraram em vigor na quarta-feira, provocando retaliações imediatas de seus principais parceiros comerciais.
Joly disse que pretende levantar a questão das tarifas em todas as reuniões do G7.
As tarifas sobre o aço e o alumínio estão ligadas a preocupações com a segurança nacional, disse Rubio na quarta-feira.
"Esperamos que todos os países do mundo atuem de acordo com seus interesses nacionais", acrescentou a alta autoridade.
"Acho que é bem possível que possamos fazer essas coisas e, ao mesmo tempo, negociar construtivamente com nossos aliados e amigos", enfatizou Rubio.
Entretanto, horas depois, Trump seguiu com a retórica das últimas semanas e disse que o Canadá só pode funcionar "se for um estado americano".
"Seria um país visualmente incrível. Se você olha para um mapa, verá que uma linha artificial foi traçada entre o Canadá e os Estados Unidos", declarou o presidente aos jornalistas em Washington.
S.Rovigatti--IM