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Musk, a grande estrela da primeira reunião de gabinete do governo Trump 2.0
O governo está "encantado" com o trabalho de Elon Musk, afirmou Donald Trump nesta quarta-feira (26), durante a primeira reunião de gabinete, que teve o chefe da Tesla e SpaceX como convidado de honra.
O bilionário da tecnologia, a quem o presidente americano encarregou de reduzir o tamanho da administração federal, pediu para o governo "agir rapidamente" com o objetivo de diminuir o déficit orçamentário nacional.
A reunião de gabinete permitiu ao presidente expor sua estratégia e elogiar suas conquistas, algo que Trump fez em profusão, ao mesmo tempo em que destacou a proximidade com Musk.
Vestido de preto e com boné, como de costume, Musk foi convidado por Trump a falar logo após ele, diante dos jornalistas e dos membros do governo.
O homem mais rico do mundo se apresentou como um "modesto técnico em informática".
- "Ameaças de morte" -
Musk afirmou que Trump formou "o melhor governo da história" e disse ter recebido "ameaças de morte".
"Cometeremos erros. Não seremos perfeitos", admitiu Musk, prometendo resolvê-los "rapidamente".
Ele deu o seguinte exemplo: "Uma das coisas que apagamos acidentalmente foi o programa de prevenção do vírus do ebola". Segundo ele, o programa foi "restabelecido".
Musk, chefe da Tesla e da SpaceX e proprietário da rede social X, participou como responsável pelo chamado "Departamento de Eficiência Governamental" (Doge na sigla em inglês), que na verdade é uma comissão encarregada de demitir milhares de funcionários e reduzir drasticamente os gastos públicos.
Trata-se de um órgão consultivo que depende diretamente do presidente. Musk não é ministro, já que esse cargo acarreta obrigações legais e éticas.
Segundo os meios de comunicação americanos, as agências federais foram instruídas a preparar cortes massivos de pessoal.
Trump já anunciou que 65% dos funcionários federais que trabalham para a Agência de Proteção Ambiental (EPA) serão demitidos.
Ele também afirmou que os funcionários que não responderam a um criticado e-mail de Elon Musk, no qual foram solicitados a detalhar cinco tarefas realizadas na semana passada, estão "em avaliação".
A reunião, e uma sessão de perguntas e respostas de uma hora com a imprensa, foi uma oportunidade para Trump promover sua política.
O republicano proclamou avanços nas negociações para pôr fim à invasão russa da Ucrânia e disse que o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, visitará a Casa Branca na sexta-feira para assinar um acordo que dará a Washington acesso às terras raras de Kiev.
Trump, no entanto, descartou uma adesão da Ucrânia à Otan. "Podem esquecer", afirmou.
O magnata alarmou os aliados ao iniciar negociações diretas com o presidente russo, Vladimir Putin.
Ele também revelou que as tarifas de 25% anunciadas para o Canadá e o México serão aplicadas a partir de 2 de abril, quando expira o prazo de um mês dado no início de fevereiro para alcançar um acordo e evitá-las.
Trump também disse estar disposto a impor tarifas de 25% a muitas importações da Europa, seu aliado-chave, e afirmou que "a União Europeia foi criada para ferrar com os Estados Unidos".
A reunião permitiu ao presidente mostrar que a maioria de seus secretários, mesmo os mais criticados, foi aprovada pelo Senado sem problemas, como o secretário da Saúde, o antivacina Robert F. Kennedy Jr., e o secretário de Defesa, o ex-apresentador de televisão Pete Hegseth.
- Tensão -
Várias nomeações ainda aguardam sinal verde do Senado, incluindo as de Lori Chávez-DeRemer, ex-congressista, como secretária do Trabalho, e Linda McMahon, que já fez parte do gabinete de Donald Trump durante seu primeiro mandato (2017-2021), quando era responsável por pequenas empresas, como secretária da Educação.
O presidente republicano é quem dá o tom do governo, assinando decreto atrás de decreto, com a intenção declarada de estender ao máximo suas prerrogativas, principalmente em relação ao Congresso.
Além da presença de Elon Musk, esta primeira reunião de gabinete do seu segundo mandato tem outra peculiaridade: ela acontece depois que a Casa Branca assumiu o controle absoluto do acesso da imprensa, rompendo com um sistema que durante décadas foi administrado pelos próprios jornalistas.
A partir de terça-feira, não é mais a Associação de Correspondentes da Casa Branca, como era no passado, que decide quais jornalistas cobrem o presidente em determinados eventos, mas a equipe de comunicação do Executivo.
L.Amato--IM