Hamas acusa Israel de bombardear hospital na Faixa de Gaza
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza acusou nesta segunda-feira (4) o Exército israelense de "bombardear e destruir" o único hospital ainda em funcionamento no norte do território palestino, onde reportou feridos.
O Exército israelense informou que verifica essa informação e disse que operava "contra a infraestrutura e os agentes terroristas no norte e no centro" da Faixa. As tropas israelenses lançaram uma nova ofensiva nesse setor no dia 6 de outubro, para evitar que o movimento islamita Hamas reconstitua ali suas forças.
Hosam Abu, diretor do hospital Kamal Adwan, que fica em Beit Lahia, disse que a situação era "catastrófica" e que o Exército não se comunicou com o centro de saúde "antes de atacá-lo diretamente". "Vários membros da nossa equipe ficaram feridos e não podemos deixar o hospital."
Após mais de um ano de conflito entre Israel e o Hamas, a Faixa de Gaza está mergulhada em uma crise humanitária grave. Israel também trava uma ofensiva no Líbano contra o movimento Hezbollah, um aliado do Hamas.
O Exército israelense informou que atacou hoje o quartel da inteligência do movimento libanês na Síria, em Damasco. Israel também notificou as Nações Unidas de que cancelará sua cooperação com a agência para os refugiados palestinos (UNRWA), considerada o pilar da assistência nos territórios palestinos ocupados.
- 'Não há alternativa' -
As atividades da agência já haviam sido proibidas em Israel e nos territórios palestinos ocupados após uma decisão do Parlamento israelense na semana passada, apesar das objeções internacionais.
O acordo entre as duas partes foi assinado em 1967, quando começou a ocupação israelense dos territórios palestinos da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.
Israel acusou novamente "funcionários da organização de terem participado do massacre de 7 de outubro", segundo comunicado do ministério.
"A ONU recebeu inúmeras provas sobre agentes do Hamas empregados pela UNRWA e o uso de suas instalações para fins terroristas", acrescentou.
Jonathan Fowler, porta-voz da agência da ONU, alertou que, "se essa lei for implementada", existe o risco de provocar "o colapso da operação humanitária internacional em Gaza, da qual a UNRWA é a espinha dorsal".
Israel indicou que a proibição do organismo de operar em território israelense começará após "um período de três meses".
"Simplesmente não há alternativa à UNRWA", reagiu o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, no X. Segundo ele, a proibição "só aumentará o sofrimento" dos palestinos.
A Assembleia Geral da ONU vai realizar na próxima quarta-feira uma sessão dedicada à UNRWA.
- 'Matar todo o povo' -
"Atualmente, o povo palestino depende quase integralmente da ajuda exterior, principalmente da UNRWA, e cortá-la equivale a matar todo o povo palestino", reagiu Abdel Karim Kallab de Khan Yunis, no sul de Gaza.
O Hamas, por sua vez, considera que a decisão de Israel "é uma tentativa de negar aos refugiados o direito de voltar a seus lares".
O Exército israelense bombardeou novamente nesta segunda-feira o sul do Líbano, onde iniciou uma ofensiva terrestre em 30 de setembro. O objetivo de Israel é permitir a volta de cerca de 60 mil habitantes do norte do território, deslocados pelos lançamentos de foguetes do Hezbollah.
Pelo menos 1.940 pessoas morreram desde 23 de setembro no Líbano, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os esforços diplomáticos para encerrar os conflitos na região fracassaram. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, lamentou que o Hamas tenha rejeitado uma trégua na Faixa de Gaza e o acusou de ter se negado "a libertar, inclusive, um número limitado de reféns para garantir um cessar-fogo e alívio para a população".
O movimento islamita relatou conversas no Egito com seus rivais do Fatah, que controlam a Cisjordânia, para avançar na direção de um consenso entre os palestinos.
E.Mancini--IM