Constituição da Coreia do Norte define o Sul como Estado 'hostil'
A Coreia do Norte anunciou nesta quinta-feira (17) que sua Constituição define agora o Sul como um Estado "hostil", seguindo um pedido do dirigente Kim Jong Un.
Pouco antes do anúncio da mudança na Constituição, Pyongyang confirmou que dinamitou nos últimos dias trechos de estradas e ferrovias que ligam o país à Coreia do Sul.
A agência oficial norte-coreana de notícias KCNA corroborou a informação divulgada pelo Exército sul-coreano ao anunciar que as vias mencionadas "foram totalmente bloqueadas por explosões".
A agência acrescentou que a destruição de estradas e ferrovias é "uma medida inevitável e legítima, tomada para cumprir o requerimento da Constituição da RPDC (Coreia do Norte) que define claramente a RDC (Coreia do Sul) como um Estado hostil".
O Parlamento norte-coreano teve uma reunião na semana passada, durante a qual os observadores esperavam uma revisão da Constituição, depois que o líder Kim pediu em janeiro uma emenda para declarar o Sul como Estado hostil.
Com base em um acordo intercoreano de 1991, os laços entre os dois países foram definidos como uma "relação especial", parte de um processo que visava uma eventual reunificação.
Kim, no entanto, declarou este ano a Coreia do Sul o "principal inimigo" do seu país. Desde então, Pyongyang instalou minas terrestres, barreiras antitanque e posicionou mísseis com capacidade de transportar ogivas nucleares na área fortificada da fronteira.
A China, principal aliada e de Pyongyang, pediu às partes que explorem "uma solução política" para resolver a tensão na península coreana.
- Hostilidade permanente -
"A fortificação da fronteira sul parece refletir a intenção de consolidar permanentemente as hostilidades com o Estado inimigo", disse à AFP Yang Moo-jin, presidente da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.
Na semana passada, a Coreia do Norte acusou o Sul de usar drones para lançar panfletos de propaganda sobre a capital Pyongyang e, em resposta, prometeu fechar de modo permanente sua fronteira sul.
Também alertou que a presença de mais um drone seria considerada uma "declaração de guerra".
O Exército de Seul negou inicialmente o envio dos drones, mas posteriormente se negou a comentar a informação.
A influente irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, afirmou na terça-feira que Pyongyang tem "evidências claras" de que o Exército sul-coreano é responsável pelos drones que lançaram panfletos em Pyongyang.
As vias de ligação entre as duas Coreias são em grande parte simbólicas e estão bloqueadas há anos. Sua destruição envia um sinal de que Kim não está disposto a negociar com o Sul, explicaram especialistas.
Segundo a KCNA, as explosões destruíram 60 metros de trechos de estradas e ferrovias nos setores leste e oeste da fronteira.
A agência informou que a medida foi tomada "devido às circunstâncias de segurança sérias que levam à imprevisível beira de uma guerra devido às provocações políticas e militares graves das forças hostis".
O Exército sul-coreano divulgou na terça-feira imagens que mostram soldados perto de uma grande explosão que destruiu trechos da rodovia Gyeoungui.
O Ministério da Unificação sul-coreano criticou o Norte pelo que chamou de provocação "extremamente anormal" e garantiu que Seul investiu milhões de dólares na construção das estradas.
"A Coreia do Norte ainda tem obrigações de pagamento por este financiamento", acrescentou.
B.Agosti--IM