Campanha presidencial mexicana chega ao fim com candidato a prefeito assassinado
A campanha para as eleições gerais do próximo domingo no México terminou nesta quarta-feira (29) com uma cena de horror capturada pelas câmeras: o assassinato de um candidato a prefeito, atacado pelas costas por um pistoleiro durante um comício.
Enquanto as principais candidatas presidenciais, Claudia Sheinbaum e Xóchitl Gálvez, encerravam seus atos de campanha diante de milhares de apoiadores, Alfredo Cabrera foi baleado no sul do país em frente às câmeras que registravam seu último comício.
No vídeo, observa-se Cabrera, sorridente e ao lado de simpatizantes, recebendo vários tiros, o que provocou caos e pânico entre os presentes no ato.
O político aspirava à prefeitura de Coyuca de Benítez, uma cidade do estado de Guerrero. Na cena do crime, observam-se membros da Guarda Nacional, embora, por enquanto, não esteja claro se eles estavam vigiando o comício.
Segundo a promotoria do estado, "tem-se conhecimento de que no local o suposto agressor foi abatido".
Com este homicídio, pelo menos 23 candidatos nestas eleições foram assassinados desde o início do processo eleitoral, em setembro de 2023, segundo as autoridades. No entanto, a organização Data Cívica relata cerca de 30 assassinatos.
"É uma pena que [...] esta campanha termine de forma violenta", afirmou em um comunicado o PRI, partido de Cabrera. A organização culpou o governo de Guerrero - nas mãos do partido de esquerda no poder - de não ter feito "o mínimo esforço" para proteger os candidatos.
- 'Fazer história' -
Enquanto isso, a esquerdista Sheinbaum, ampla favorita para se tornar a primeira mulher presidente do México, encerrou sua campanha diante de milhares de seguidores no Zócalo, a principal praça pública do país.
"Neste 2 de junho, mais uma vez, vamos fazer história", afirmou em seu discurso a ex-prefeita da Cidade do México, uma cientista de 61 anos de origem judaica.
"Ficou demonstrado que um país não pode avançar se favorece apenas os mais prósperos [...] Nunca mais salários de fome em nosso país!", prometeu Sheinbaum. "No México, o neoliberalismo ficou para trás".
Segundo uma média de pesquisas realizada pela empresa Oraculus, ela lidera sobre a centro-direitista Gálvez por 17 pontos, para ser a sucessora do popular presidente Andrés Manuel López Obrador.
O outro candidato na disputa é o ex-deputado centrista Jorge Álvarez Máynez, terceiro colocado nas intenções de voto.
Sheinbaum reiterou que dará continuidade aos programas sociais nos quais o presidente baseia sua popularidade, de 66%, bem como em sua polêmica estratégia de atacar a violência do narcotráfico pela raiz, que ao seu entender são a pobreza e a marginalização.
"Estou muito entusiasmada [...] Pela primeira vez teremos uma presidente mulher!", declarou Evelyn Trasviña, uma contadora pública de 42 anos, enquanto aplaudia as promessas da candidata.
Vestida com um traje indígena, María Isabel Zacarías, de 55 anos, veio de Oaxaca (sul) para participar do comício. Ela acredita que Sheinbaum manterá as ajudas de AMLO, o acrônimo do atual presidente.
"Os camponeses não tinham nada e agora estão melhor com AMLO. Puderam comprar roupas, têm comida", afirmou a mulher, que se sustenta vendendo doces nas ruas.
- Contra o 'autoritarismo' -
Enquanto isso, em um coliseu na próspera cidade industrial de Monterrey (nordeste), Gálvez, senadora e empresária de raízes indígenas, fechava sua campanha diante de uma multidão.
"Vamos trazer vida para onde hoje a morte passeia, vamos trazer verdade onde hoje reina a mentira e vamos trazer liberdade onde hoje um governo autoritário quer impor suas decisões", discursou Gálvez, de 61 anos.
A congressista, que representa uma coalizão dos partidos tradicionais PRI, PAN e PRD, planeja mais tarde aparecer em Tepatepec, sua cidade natal no estado central de Hidalgo, para um "encontro com cidadãos".
"Xóchitl tem as melhores propostas, uma visão de futuro muito diferente para os jovens. Não apenas o que o México precisa agora, mas no futuro", declarou à AFP Cindy Cavazos, funcionária pública de 25 anos.
"Se Claudia ganhar, vai continuar com o mesmo de López Obrador, que tem o México afundado, quer transformá-lo em outra Venezuela, e não vamos permitir", disse Bertha Díaz, dona de casa de 71 anos.
Já Álvarez Máynez (Movimento Cidadão) encerrou sua campanha com um comício em um auditório central da capital mexicana.
- Milhares de cargos em disputa -
Quase 100 milhões de mexicanos - de uma população de 129 milhões - estão registrados para votar na eleição de turno único, vencida por maioria simples. Não há reeleição no México.
Pouco mais de 20 mil cargos, incluindo as cadeiras no Congresso e nove de 32 governadores, estão em disputa.
Mais de 27 mil militares e agentes da Guarda Nacional serão mobilizados para garantir a segurança das eleições, anunciou o governo.
B.Agosti--IM