Israel autoriza retomada de negociações para libertar reféns em Gaza
O gabinete de guerra de Israel autorizou a retomada das negociações para conseguir a libertação dos reféns mantidos em Gaza, onde o Exército executou novos bombardeios nesta quinta-feira (23).
A decisão foi tomada após a divulgação de um vídeo que mostra o momento em que cinco soldados foram sequestradas em 7 de outubro, dia do ataque do movimento islamista palestino Hamas em Israel que desencadeou a guerra.
As famílias das cinco militares autorizaram a divulgação das imagens, que mostram as jovens, algumas com sangue no rosto, sentadas no chão de pijama, com as mãos amarradas atrás das costas.
"Estas imagens mostram o tratamento violento, humilhante e traumatizante que estas mulheres sofreram no dia do sequestro", afirmou o Fórum das Famílias de Reféns em um comunicado.
Em resposta ao vídeo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou que continuará lutando contra o Hamas para "garantir que o que foi visto esta noite não volte a acontecer".
O gabinete de guerra, que se reuniu durante a noite, "ordenou que a equipe de negociadores retorne à mesa para conseguir o retorno dos reféns", disse um funcionário de alto escalão do governo.
A rede egípcia Al Qahera News - ligada aos serviços de inteligência daquele país - afirmou hoje, citando uma fonte do alto escalão, que "a posição de Israel ainda não é propícia para que se alcance um acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns".
As conversas indiretas visando a uma trégua, mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos, foram interrompidas no começo do mês, devido a divergências entre os dois lados.
- Mortos em Gaza -
No ataque de 7 de outubro, os comandos islamistas mataram mais de 1.170 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades israelenses.
Os combatentes também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 124 permanecem em Gaza, das quais 37 estariam mortas. Em resposta ao ataque, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista palestino e iniciou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, território que o Hamas, que Israel, União Europeia e Estados Unidos consideram um grupo terrorista, governa desde 2007.
Mais de 35.709 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
Bombardeios e disparos de artilharia prosseguiram no conjunto do território palestino, segundo jornalistas da AFP, médicos e testemunhas. A Defesa Civil local anunciou que 26 pessoas, incluindo 15 crianças, morreram na Cidade de Gaza, no norte do território palestino, em dois bombardeios aéreos israelenses antes do amanhecer. O Exército de Israel não comentou essa informação.
As ruas de Jabaliya, também no norte, foram palco de combates entre as forças israelenses e integrantes do braço armado do Hamas e do movimento palestino Jihad Islâmica. "Ouvimos apenas o barulho das explosões e de disparos no campo" de refugiados de Jabaliya, contou à AFP o deslocado palestino Mahmud al Sharif, 31.
O comandante do Hamas Diaa al Din al Sharafa morreu em um bombardeio israelense na manhã de hoje no centro da Faixa de Gaza, anunciou o Ministério do Interior do território palestino.
- 'Recompensa ao terrorismo' -
As hostilidades continuavam também no sul da Faixa de Gaza, especificamente em Rafah, onde as tropas israelenses entraram em 7 de maio com a intenção de realizar uma grande ofensiva. Cerca de 800 mil palestinos foram obrigados a fugir de Rafah para outras áreas da Faixa de Gaza, segundo a ONU.
"Não estamos fazendo nenhuma incursão brusca por Rafah, estamos agindo com cautela e precisão", afirmou o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari.
Israel chamou para consultas seus embaixadores em Madri, Dublin e Oslo, e convocou os enviados dos três países, que repreendeu "devido à decisão perversa de seus governos".
"Haverá consequências adicionais graves para as relações de Israel com esses países, após a decisão que tomaram", disse hoje o diretor geral da chancelaria de Israel, Jacob Blitstein.
Somando-se à pressão diplomática contra Israel, a Colômbia, que rompeu relações com o Estado hebreu há quase um mês, confirmou a instalação de uma embaixada na cidade palestina de Ramallah, na Cisjordânia.
E.Colombo--IM