Último debate presidencial do México é ofuscado por ataques pessoais
As candidatas à presidência do México participaram no domingo (19) do último debate antes das eleições de 2 de junho, que abordou temas como segurança, migração e relações exteriores, mas no qual os ataques e insultos tiveram destaque.
No terceiro e último debate presidencial, a candidata esquerdista Claudia Sheinbaum, favorita segundo a maioria das pesquisas, apresentou um dilema entre um passado de "privilégios" e "corrupção" e "o presente e o futuro" que representa a continuidade do projeto liderado pelo atual presidente Andrés Manuel López Obrador.
"Nós somos bem-estar e direitos (...) eles são classismo e racismo, nós somos humanismo, eles defendem alguns, nós defendemos o povo do México", disse Sheinbaum, ex-prefeita da Cidade do México de 61 anos.
Já a opositora de centro-direita, Xóchitl Gálvez, insistiu nos ataques e acusou a candidata adversária de possuir laços com o tráfico de drogas, com base em um livro da jornalista mexicana Anabel Hernández, que liga López Obrador ao cartel de Sinaloa.
"Isso não é um apelido ou um insulto, mas sim uma descrição de fatos", disse Gálvez, depois de se referir a Sheinbaum como uma "candidata do narcotráfico".
"Nós, mexicanos, não merecemos um debate presidencial cheio de calúnias e mentiras (...) não vou cair, neste caso, em provocações", afirmou Sheinbaum, que, no entanto, contra-atacou dizendo que compreendia "o desespero do PRIAN" [contração pejorativa dos partidos PRI e PAN, da aliança com o PRD, de Gálvez] por estar "em um distante segundo lugar".
Analistas criticaram a insuficiência analítica das candidatas para abordar os temas propostos e a falta de sofisticação de suas abordagens.
"Nenhum dos três deu soluções reais para o problema da insegurança", afirmou a jornalista René Delgado, durante um painel na rede Televisa que que analisou o debate, que também teve a presença do candidato do partido Movimento Cidadão, Jorge Álvarez Máynez.
O México se prepara para as maiores eleições de sua história em 2 de junho, nas quais serão eleitos também os congressistas, nove dos 32 governadores e milhares de autoridades locais.
Sheinbaum está em primeiro nas pesquisas, com 56% das intenções de voto%, seguida por Gálvez, com 34%, e Máynez, com 10%, segundo a média das sondagens elaborada pela empresa Oraculus.
L.Bernardi--IM