Il Messaggiere - Ucrânia tenta 'estabilizar' linha de frente diante do avanço russo no nordeste

Ucrânia tenta 'estabilizar' linha de frente diante do avanço russo no nordeste
Ucrânia tenta 'estabilizar' linha de frente diante do avanço russo no nordeste / foto: Roman PILIPEY - AFP

Ucrânia tenta 'estabilizar' linha de frente diante do avanço russo no nordeste

A Ucrânia afirmou, nesta quinta-feira (16), que está tentando "estabilizar" a linha da frente, diante do avanço das tropas russas no nordeste do país, onde Moscou lançou uma ofensiva surpresa que lhe trouxe as maiores conquistas territoriais no período de um ano e meio.

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As autoridades ucranianas acusaram os militares russos de executar pelo menos um civil ucraniano e de usar dezenas como "escudos humanos" em Vovchansk, cidade na região de Kharkiv.

Entre 9 e 15 de maio, as forças russas conquistaram 257 km2 na região nordeste, epicentro de um novo ataque de Moscou, segundo uma análise realizada nesta quinta-feira pela AFP com base em dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede nos Estados Unidos.

Além disso, as tropas russas ocuparam outros 21 km2 em diversas áreas do front, segundo a mesma fonte.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou, nesta quinta-feira, pelo Telegram, que reuniu o comando militar na cidade de Kharkiv, a segunda maior do país, e considerou que a situação na região homônima é "extremamente difícil", mas que "no geral está sob controle".

As forças ucranianas "conseguiram estabilizar parcialmente a situação", disse o porta-voz do Exército, Nazar Voloshin, afirmando que "o avanço do inimigo em algumas áreas e localidades foi travado", embora as forças russas ainda estejam tentando avançar.

O governador regional, Oleg Synegubov, afirmou que o "inimigo" seguia avançando na região de Liptsi e tentava "tomar Vovchansk".

"Não podemos dizer que os nossos soldados conseguiram estabilizar a linha da frente", admitiu, embora considere que a fase "ativa" do avanço "foi reduzida".

- Escudos humanos -

O Ministro do Interior ucraniano, Igor Klimenko, citando relatórios de inteligência, denunciou que as tropas russas estão prendendo e matando civis em Vovchansk.

A polícia da região afirmou que as forças de Moscou mantêm entre 35 e 40 civis em Vovchansk e os utilizam como "escudos humanos, uma vez que o seu quartel-general fica próximo".

Um idoso morador da região, que tentava fugir a pé para um território controlado pela Ucrânia, morreu após levar um tiro na cabeça, segundo a mesma fonte.

A AFP não pôde confirmar de forma independente estas alegações, enquanto a Rússia não se manifestou imediatamente.

As forças russas foram acusadas de numerosos abusos documentados na Ucrânia, mais notavelmente do massacre de centenas de civis em Bucha, subúrbio de Kiev que ocuparam no início da invasão, em 2022.

Moscou lançou uma ofensiva em Kharkiv se valendo do enfraquecimento nos últimos meses das forças ucranianas, afetadas pela falta de soldados e também de munições, esta última devido à lentidão na entrega da ajuda militar ocidental.

O chefe da administração militar de Vovchansk, Tamaz Gambaraсhvili, foi ferido nesta quinta-feira em um ataque em um vilarejo próximo, segundo o governador regional.

Outros cinco homens ficaram feridos, incluindo dois médicos.

- Putin, satisfeito -

Alguns civis continuam chegando a um centro humanitário na cidade de Kharkiv.

Além de Kharkiv, Moscou continua sua ofensiva no Donbass, também no leste da Ucrânia, onde tenta tomar a cidade estrategicamente importante de Chasiv Yar e avançar para o oeste de Avdiivka, conquistada em Fevereiro.

O presidente russo, Vladimir Putin, em visita à China, afirmou em um comunicado conjunto divulgado pelo Kremlin que tanto Moscou como Pequim "apontam para a necessidade de parar qualquer medida que contribua para a propagação das hostilidades e uma escalada do conflito".

Na véspera, o líder russo comemorou o progresso de seu Exército "em todas as frentes".

No entanto, um alto comandante da Otan disse nesta quinta-feira que a Rússia não tem forças suficientes “para empreender um avanço estratégico” na Ucrânia.

"Além do mais, eles não têm a destreza, nem a habilidade para fazê-lo", disse aos repórteres o general norte-americano Christopher Cavoli, Comandante Supremo das Forças Aliadas da Otan na Europa.

I.Barone--IM