Il Messaggiere - Milhares de palestinos fogem de Rafah diante da ameaça de ofensiva terrestre israelense

Milhares de palestinos fogem de Rafah diante da ameaça de ofensiva terrestre israelense
Milhares de palestinos fogem de Rafah diante da ameaça de ofensiva terrestre israelense / foto: - - AFP

Milhares de palestinos fogem de Rafah diante da ameaça de ofensiva terrestre israelense

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu, nesta quarta-feira (15), que uma "catástrofe humanitária" foi evitada em Rafah e afirmou que 500.000 pessoas foram evacuadas desta cidade do sul da Faixa de Gaza, bombardeada por Israel e ameaçada com uma grande ofensiva terrestre.

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O anúncio coincide com o dia em que os palestinos relembram a "Nakba", a "Catástrofe", que a criação do Estado de Israel significou para eles em 1948.

Durante a "Nakba", cerca de 760 mil palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas, segundo dados da ONU, para se refugiarem em países vizinhos ou no que viriam a ser a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

"Setenta e seis anos depois da Nakba, os palestinos seguem sendo deslocados à força. Na Faixa de Gaza, 600.000 pessoas fugiram de Rafah", indicou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos, UNRWA.

Neste último território, sitiado e devastado pela guerra entre Israel e Hamas, a população civil, várias vezes deslocada desde o início do conflito, voltou às estradas tentando encontrar refúgio, embora a ONU diga que "não há lugar seguro em Gaza".

Netanyahu prometeu destruir o Hamas após o ataque de 7 de outubro a Israel e está decidido a lançar uma grande operação em Rafah, onde afirma que estão entrincheirados os últimos batalhões do movimento islamista.

Para alcançar o objetivo, Netanyahu está determinado a lançar uma grande operação em Rafah, cidade no extremo sul do território onde vivem centenas de milhares de palestinos em zonas superlotadas, a grande maioria deslocados, onde estariam, segundo o primeiro-ministro israelense, os últimos batalhões do Hamas.

Esta invasão preocupa a comunidade internacional, a começar pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel, por suas consequências para a população civil.

- "Desacordo" sobre Rafah -

Netanyahu acredita que Israel evitou "uma catástrofe humanitária" na cidade.

"Por enquanto, quase meio milhão de pessoas evacuaram a zona de combate de Rafah. A catástrofe humanitária de que se fala não ocorreu e não ocorrerá", disse ele em um comunicado.

O Exército ordenou que os civis abandonassem os setores orientais de Rafah em 6 de maio.

Netanyahu também pressionou o Egito nesta quarta-feira para reabrir a passagem de fronteira de Rafah, sugerindo que o Cairo estava mantendo a população de Gaza “refém” ao não trabalhar com Israel na entrada de ajuda fundamental.

As declarações foram feitas um dia depois de o Egito, o primeiro país árabe a celebrar um acordo de paz com Israel e mediador do cessar-fogo e das conversas sobre reféns, ter acusado Israel de negar a responsabilidade pela crise humanitária em Gaza.

A União Europeia apelou na quarta-feira a Israel para "cessar imediatamente" sua operação em Rafah devido ao risco de "prejudicar gravemente" sua relação bilateral.

Embora o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenha ameaçado há poucos dias limitar a ajuda militar americana a Israel para a sua ofensiva em Rafah, o Executivo notificou na terça-feira o Congresso de que irá proceder à entrega de armas a Israel, disseram fontes próximas à AFP.

Em uma entrevista à rede americana CNBC, Netanyahu reconheceu um "desentendimento" com o seu aliado americano "sobre Rafah". "Mas devemos fazer o que devemos fazer", acrescentou.

Washington também instou Israel a trabalhar em um plano pós-guerra para Gaza e apoiou uma solução de dois Estados, à qual Netanyahu e seus aliados de extrema direita se opõem fortemente.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou, nesta quarta-feira que "Israel não deveria ter controle civil sobre a Faixa de Gaza" depois da guerra.

- Combates "intensos" -

A guerra foi desencadeada pelo ataque de comandos do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro que deixou mais de 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Mais de 250 pessoas foram sequestradas durante o ataque e 128 permanecem cativas em Gaza, das quais 36 teriam morrido, segundo o Exército.

Depois de mais de sete meses de guerra, 35.233 pessoas morreram em Gaza devido à ofensiva de Israel, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Jornalistas da AFP e várias testemunhas relataram nesta quarta-feira o prosseguimento de ataques aéreos, bombardeios de artilharia e combates durante a noite e a manhã em Rafah, Jabaliya (norte) e no bairro de Zeitun, na Cidade de Gaza.

O movimento libanês Hezbollah reivindicou nesta quarta-feira, pela primeira vez, um ataque a uma base militar próxima a Tiberíades, no norte de Israel, a 30 quilômetros da fronteira com o Líbano.

Além dos bombardeios e dos combates, a população de Gaza sofre com a severa escassez. Segundo o Catar, a ajuda humanitária não chega aos habitantes do território palestino desde 9 de maio.

O Reino Unido anunciou nesta quarta-feira que um primeiro carregamento de cerca de 100 toneladas de ajude humanitária partiu do Chipre em direção à Faixa de Gaza. Os mantimentos vão chegar por via marítima a um pier o temporário construído pelo Exército americano que logo estará em funcionamento.

P.Conti--IM