Após avanço russo, Exército ucraniano recua no norte do país
O Exército ucraniano anunciou nesta quarta-feira (15) que se retirou de algumas áreas da frente de batalha norte, na região de Kharkiv, após o avanço da ofensiva das tropas russas iniciada em 10 de maio.
"Em algumas áreas, perto de Lukyantsi e Vovchansk, em resposta ao fogo inimigo e a um ataque de infantaria, nossas unidades manobraram na direção de posições mais favoráveis", afirmou o porta-voz das forças da região, Nazar Voloshin.
Algumas horas depois, o Exército russo reivindicou as conquistas de Lukyantsi e da localidade de Gliboke.
A Rússia também anunciou que assumiu o controle da localidade de Robotyne, sul da Ucrânia, uma das poucas que o Exército de Kiev conseguiu recuperar, em agosto, na contraofensiva do verão (hemisfério norte) de 2023.
A nova ofensiva russa se concentra na região de Kharkiv, cuja capital de mesmo nome é a segunda maior cidade da Ucrânia.
Esta região próxima da fronteira com a Rússia foi cenário nas últimas semanas de uma campanha de bombardeios em larga escala, em particular contra instalações do sistema de energia elétrica.
O porta-voz do presidente Volodimir Zelensky anunciou nesta quarta-feira a decisão de enviar reforços à região, assim como o cancelamento das próximas viagens internacionais do presidente nos próximos dias, incluindo uma visita a Madri na sexta-feira.
No boletim matinal desta quarta-feira, o Exército russo afirmou que, assim como na véspera, conseguiu avançar "profundamente entre as linhas de defesa inimigas".
Para combater os novos ataques russos, Zelensky pediu na terça-feira aos países ocidentais que acelerem o envio de armas, após uma reunião com o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.
O secretário de Estado americano viajou a Kiev para tranquilizar o governo ucraniano sobre o apoio de Washington, após meses de incerteza. Ele declarou que a administração americana "estará ao seu lado até que a segurança, a soberania e a capacidade da Ucrânia de escolher seu próprio caminho estejam garantidas".
Nesta quarta-feira, Blinken anunciou uma ajuda militar de 2 bilhões de dólares para reforçar as capacidades de defesa da Ucrânia.
- Situação "extremamente difícil" -
Segundo Oleksii Jarkivski, comandante de polícia de Vovchansk, que tinha 18.000 habitantes antes da guerra, a cidade é cenário de combates.
"A situação é extremamente difícil. O inimigo está estabelecendo posições nas ruas", disse, antes de pedir que a população abandone a região.
A ofensiva no norte da Ucrânia pegou as forças ucranianas de surpresa. Várias localidades foram conquistadas e pelo menos 8.000 pessoas deixaram a região.
Segundo o canal 'DeepState' do Telegram, próximo do Exército ucraniano, os russos conseguiram ocupar uma faixa de quase 80 quilômetros quadrados ao redor de Lukyantsi e outra de 53 quilômetros quadrados na direção de Vovchansk.
Alguns analistas acreditam que Moscou poderia, com a ofensiva, forçar a Ucrânia a desviar suas tropas de outras áreas da linha da frente, em particular no leste, como ao redor da cidade de Chasiv Yar, na região de Donetsk, onde a Rússia também avança.
"As regiões de Donetsk e Kharkiv são onde as coisas estão mais difíceis neste momento", afirmou Zelensky na terça-feira, antes de insistir que o país precisa de uma "aceleração considerável das entregas" de armas ocidentais.
Blinken garantiu que a ajuda miliar americana está "a caminho" e prometeu "fará uma diferença real no campo de batalha".
A lentidão da ajuda europeia e a suspensão da assistência dos Estados Unidos durante meses por divergências políticas deixaram a Ucrânia em uma posição difícil, sem soldados ou munições suficientes para enfrentar a Rússia, que retomou a iniciativa da guerra no final de 2023.
As autoridades ucranianas garantem que a cidade de Kharkiv não está ameaçada por um ataque terrestre, apesar de ser alvo de bombardeios russos há várias semanas, em particular contra as instalações do sistema de energia.
As autoridades ucranianas começaram a suspender nesta quarta-feira, em todo o país, as restrições de acesso ao fornecimento de energia elétrica devido aos danos provocados pelos ataques russos dos últimos meses.
Nesta quarta-feira, o governo do Sri Lanka informou que ao menos 16 mercenários cingaleses morreram em combates na guerra entre Rússia e Ucrânia.
Soldados do Sri Lanka, Índia e Nepal viajaram para lutar na guerra. O governo cingalês abriu uma investigação na semana passada sobre o recrutamento de seus cidadãos para o conflito e identificou a participação de 288 soldados da reserva do país.
R.Marconi--IM