Rússia lança nova ofensiva terrestre na região ucraniana de Kharkiv
A Rússia iniciou nesta sexta-feira (10) uma nova ofensiva terrestre na região de Kharkiv, nordeste da Ucrânia, dando lugar a uma "batalha feroz", segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
As tropas russas já haviam ocupado esta região no início da invasão, em fevereiro de 2022, mas se retiraram após uma contraofensiva de Kiev em 2023.
A operação terrestre desta sexta foi precedida por bombardeios.
"Durante o último dia, o inimigo atacou a área de Vovchansk", na fronteira com Belgorod, com bombas teleguiadas, e "até as 05H00 da manhã (23H00 de quinta-feira em Brasília) tentou romper nossas linhas de defesa com a ajuda de veículos blindados", indicou o Ministério da Defesa da Ucrânia, sem especificar a localização exata da operação.
Estes ataques foram "repelidos", mas continuam registrando "confrontos de intensidade variável" e "unidades de reserva" foram mobilizadas para "reforçar a defesa" da região, acrescentou.
Segundo Zelensky, uma "batalha feroz" está em curso. "A Rússia lançou uma nova onda de ações contraofensivas nesta área" e a "Ucrânia respondeu com tropas, brigadas e artilharia", segundo o presidente em uma coletiva de imprensa em Kiev.
Um civil morreu e outros cinco ficaram feridos em Vovchansk durante os bombardeios. Uma segunda pessoa morreu em outro ataque com bombas na localidade de Cherkaski Tishki, no norte de Kharkiv, segundo o governador regional.
A região de Kharkiv e sua capital de mesmo nome, a segunda maior cidade do país, continuam sendo um alvo essencial para o Kremlin.
- "Zona de segurança" -
As forças de Moscou "avançaram um quilômetro em território ucraniano" e tentam prosseguir com a operação avançando até "dez quilômetros", informou uma fonte do comando militar ucraniano.
Moscou deseja criar uma "zona de segurança" na região para impedir que a Ucrânia bombardeie a área russa de Belgorod, como acontece de forma recorrente.
A Rússia lança bombas repetidamente na região de Kharkiv nos últimos meses, sobretudo em suas infraestruturas energéticas, e Kiev teme uma nova ofensiva terrestre.
Uma autoridade de Vovchansk informou que os bombardeios se intensificaram a partir das 03H00 da manhã (00h00 em Brasília) nesta cidade de 3.000 habitantes, e que foi emitida uma ordem de evacuação da área.
"A cidade é atualmente alvo de bombardeios maciços. Os residentes nunca haviam visto ataques semelhantes", afirmou a autoridade ao meio de comunicação ucraniano Hromadske Radio.
- Desestabilizar a fronteira -
O canal militar ucraniano DeepState afirmou no Telegram que o inimigo "ativou" as operações na área e está tentando entrar nas cidades fronteiriças de Strilecha, Krasne, Pylna, Borysivka, Guatishche e Pletenivka.
Segundo esta fonte, a operação pretendia "desestabilizar" a fronteira.
O canal Telegram Rybar, próximo ao Exército de Moscou, indicou que unidades militares efetuaram bombardeios a partir da Rússia para "reduzir as capacidades de defesa" ucranianas.
A área de confrontos se estendeu por "2 a 3 quilômetros em algumas partes", destacou, reforçando que não se trata de uma ofensiva de grande escala, mas sim de uma "operação de reconhecimento realizada com sucesso".
O Exército ucraniano enfrenta dificuldades na frente de batalha, fragilizado pela falta de soldados e pelo atraso na entrega da ajuda ocidental.
No final de abril, os Estados Unidos anunciaram uma ajuda de US$ 61 bilhões (R$ 321 bilhões na cotação atual) para a Ucrânia, mas terá que esperar que essa assistência se materialize no campo de batalha.
A Rússia, que possui mais efetivos, armas e uma indústria de defesa mais poderosa, retomou a iniciativa após o fracasso da contraofensiva ucraniana em junho de 2023.
Ao mesmo tempo, as forças russas reivindicaram a conquista de territórios limitados, principalmente no leste, no entanto, com um elevado custo humano.
Recentemente, Moscou avançou sobretudo na cidade Avdiivka, ocupada em meados de fevereiro.
E.Mancini--IM