Ex-reféns do Hamas pedem em Auschwitz a libertação dos demais sequestrados
Os irmãos argentino-israelenses Gabriela Leimberg e Fernando Marman, ex-reféns do Hamas em Gaza, visitaram esta semana o campo de concentração de Auschwitz e disseram que buscam apenas uma coisa: a libertação de todos os outros sequestrados.
Uma delegação procedente de Israel, composta por familiares de reféns e sobreviventes do ataque de 7 de outubro, participaram na segunda-feira no antigo campo nazista na Polônia da "Marcha dos Vivos", que presta homenagem todos os anos aos seis milhões de judeus que morreram durante a Segunda Guerra Mundial.
Todos os presentes levavam os tradicionais laços amarelos em solidariedade com aqueles que seguem sequestrados na Faixa de Gaza, onde Israel e o movimento islamista palestino Hamas travam uma guerra há sete meses.
"Para nós, segue sendo 7 de outubro, e o seguirá sendo até que todos os reféns retornem para casa", disse Leimberg à AFP diante do portão de Auschwitz.
Alguns dos presentes em Auschwitz avaliam que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deveria negociar um cessar-fogo que permita o retorno dos reféns que restam.
Gabriela Leimberg foi libertada junto de uma de suas irmãs durante a primeira trégua de uma semana em novembro de 2023, quando o Hamas soltou mais de 100 reféns em troca de 240 presos palestinos detidos em prisões israelenses.
Fernando Marman, no entanto, foi liberado em fevereiro deste ano em uma operação das forças israelenses que invadiram com explosivos o edifício onde ele estava cativo em Gaza.
Das mais de 250 pessoas sequestradas em 7 de outubro, Israel acredita que 128 permanecem em Gaza, embora acredite que 36 delas tenham morrido.
- "Traga-os para casa AGORA!"
Em 7 de outubro, Gabriela e Fernando estavam no kibutz (colônia agrícola) de Nir Yitzhak, perto de Gaza, com outros membros da família.
Quando viram os milicianos do Hamas, correram para a sala de segurança de sua casa e tentaram bloquear a porta com uma cadeira, em vão.
Agora livre, Leimberg se recusa a comparar o ataque do Hamas ao Holocausto, ao contrário de algumas autoridades israelenses de alto escalão.
O que ela mais deseja agora é que as partes cheguem a um acordo que possibilite a libertação dos reféns restantes.
"Oitenta anos atrás, os judeus estavam espalhados por todo o mundo, mas hoje temos um Estado", disse ela à AFP.
"Em 7 de outubro, fomos abandonados, fomos mortos e o Estado não nos protegeu. Queremos um acordo (de cessar-fogo) o mais rápido possível", pediu a mulher que usava uma camiseta na qual se podia ler o slogan "Traga-os para casa AGORA!".
O sobrevivente do Holocausto Daniel Louz, de 90 anos, também esteve na visita a Auschwitz.
Em 7 de outubro, ele estava no kibutz Beeri e escapou da morte pela segunda vez quando o Hamas atacou. Seus vizinhos foram mortos, mas sua casa não foi atacada.
"Acredito que as almas dos meus entes queridos que morreram em Auschwitz me protegeram para que eu pudesse contar a história deles", disse ele, sem conseguir conter as lágrimas.
Na cerimônia, Louz foi convidado a acender uma tocha em memória daqueles que morreram no Holocausto e a dedicou às vítimas do dia 7 de outubro.
"O que aconteceu na guerra foi traumático, mas no dia 7 de outubro eu temi por minha vida", disse ele à AFP.
Louz e outros sobreviventes do 7 de outubro foram aplaudidos pela multidão em uma passeata, durante a qual um pequeno grupo de manifestantes agitava bandeiras palestinas e acusava Israel de "genocídio" em Gaza.
D.Lombardi--IM