Macron leva presidente chinês aos Pirineus para insistir sobre Ucrânia e comércio
O presidente francês, Emmanuel Macron, e seu colega chinês, Xi Jinping, trocaram nesta terça-feira(7) o Palácio do Eliseu pelas montanhas do sul da França, em busca de um diálogo mais direto sobre a Ucrânia e suas divergências comerciais.
"Espero que continuem nos inspirando" disse Macron sobre as "montanhas francesas" na segunda-feira, ao receber seu colega chinês em Paris, no início de sua primeira jornada europeia desde 2019, que o levará também à Sérvia e Hungria.
Os respectivos aviões dos líderes destas potências econômicas e nucleares chegaram a Tarbes no final da manhã, constataram jornalistas da AFP. Ambos dirigentes seguiram para o Passo do Tourmalet, onde o clima segue invernal mas a temporada de esqui acabou.
Cerca de cem pessoas se reuniram em apoio ao líder chinês e dezenas de bandeiras vermelhas com cinco estrelas amarelas decoravam a estrada perto de Sainte-Marie-de-Campan. "É muito estranho ver isto aqui", assegura o morador Jean-Michel Garem.
Macron espera "discussões frutíferas e amigáveis" neste cenário, que contrasta com a pompa de boas-vindas e o farto banquete na véspera em Paris, onde não esconderam suas divergências comerciais.
O francês pediu "um marco de concorrência leal" entre China e União Europeia, e a titular da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, presente em uma das conversas, advertiu que tomaria "decisões firmes" para "proteger" a economia europeia.
Von der Leyen criticou, por exemplo, a chegada à UE de carros elétricos chinos altamente subsidiados. O chamado 'problema de sobrecapacidade da China' não existe nem da perspectiva da vantagem competitiva nem à luz da demanda mundial", respondeu o dirigente comunista.
Em relação à Ucrânia, Xi se mostrou mais conciliador, ao reafirmar sua vontade de trabalhar por uma solução política. Também apoiou uma "trégua olímpica" de todos os conflitos durante os Jogos em julho e agosto em Paris.
Paris quer que Pequim, principal aliado da Rússia, pressione Moscou a colaborar para o fim da guerra, embora esteja consciente das poucas possibilidades de uma rápida resposta. Xi deverá receber seu homólogo russo, Vladimir Putin, em breve.
- "Sedução" -
Os dois dirigentes, acompanhados das esposas, almoçarão no restaurante de Éric Abadie, amigo do presidente.
O líder liberal quer retribuir Xi, que o recebeu em 2023 com uma cerimônia do chá em Guangzhou, na residência oficial onde seu pai viveu quando era governador da província.
"A diplomacia de Emmanuel Macron sempre apostou, talvez excessivamente, no poder de sedução", analisa Bertrand Badie, especialista em Relações Internacionais da Universidade Sciences Po.
Macron "sempre teve a ideia de que suas relações pessoais podem romper barreiras", explica Badie. O cenário intimista do Tourmalet faria parte deste objetivo. "Mas isso significa não conhecer bem Xi Jinping, que não é muito sentimental", alerta.
L.Amato--IM