Juiz ameaça Trump de prisão se ele desobedecer ordens
O juiz do histórico julgamento de Donald Trump ameaçou nesta segunda-feira (6) o ex-presidente com uma ordem de prisão se ele continuar violando a ordem que o proíbe de insultar testemunhas, o júri e funcionários do tribunal.
O juiz lhe impôs uma nova multa de 1.000 dólares, que se soma a outra pena de 9.000 dólares (45,5 mil reais) por nove violações anteriores da ordem judicial que o proíbe de fazer referência a qualquer coisa relacionada com o julgamento nas suas redes sociais.
Na sua decisão, o juiz avisa-o que, por esta ser a décima vez que o tribunal o considera culpado de desobedecer às suas ordens, "parece claro que as multas não serão suficientes para dissuadir o acusado de violar ordens legais".
"Por mais que eu não queira impor-lhe uma pena de prisão (...) quero que entenda que o farei", advertiu o juiz Juan Merchan no início da terceira semana de julgamento contra o primeiro ex-presidente na história dos Estados Unidos a sentar no banco dos réus.
Desta vez, Trump foi multado por ter criticado em uma entrevista a velocidade (uma semana) com a qual se escolheu o júri e sua suposta composição em uma cidade majoritariamente democrata.
O magnata, de 77 anos, é acusado de 34 falsificações de documentos comerciais para reembolsar o seu então advogado pessoal Michael Cohen com o pagamento de 130 mil dólares (R$ 684 mil na cotação atual) para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels poucos dias antes das eleições de 2016, vencidas por ele contra a democrata Hillary Clinton.
Espera-se que Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, e Cohen, o ex-advogado de Trump que se tornou inimigo declarado de seu ex-chefe, testemunhem em algum momento na sala de audiências do Tribunal Superior de Manhattan, onde o julgamento está sendo realizado.
Ao longo das duas primeiras semanas, várias testemunhas depuseram, expondo as manobras e negociações em uma tentativa de encobrir notícias potencialmente negativas para a campanha presidencial do magnata do setor imobiliário de Nova York, que pretende vencer a eleição presidencial de novembro próximo.
Mas talvez um dos mais prejudiciais para Trump tenha sido o depoimento de sua ex-assessora Hope Hicks, que na sexta-feira explicou como teve de administrar a “crise” quando veio à tona uma gravação em que o magnata se gabava de que alguém famoso como ele podia se permitir qualquer coisa para conquistar mulheres, como tocar seus órgãos genitais sem que elas hesitassem.
- "Crise" -
Hicks reconheceu que estava "um pouco confusa" por aquela gravação denominada "Access Hollywood".
"Todos estávamos de acordo de que o filme era prejudicial, era uma crise", disse Hicks, que foi uma peça-chave nas etapas finais da bem-sucedida campanha presidencial de Trump em 2016, quando supostamente os pagamentos a Daniels foram realizados.
De acordo com os promotores, o pânico em relação à gravação desencadeou um esforço da campanha de Trump para silenciar Daniels, que ameaçou tornar público um suposto caso extraconjugal que ela teria tido em 2006 com o magnata, o que ele sempre negou.
O pagamento em si não é um crime. Mas Trump é acusado de disfarçá-lo como honorários advocatícios para seu advogado.
Em meio à campanha eleitoral, Trump se considera vítima de uma “caça às bruxas” e de uma conspiração legal dos democratas, liderados pelo atual presidente Joe Biden, para impedi-lo de fazer o tão sonhado retorno à Casa Branca.
Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de conspirar para anular os resultados da eleição de 2020, vencida por Biden, e de levar para sua casa na Flórida documentos ultrassecretos que poderiam comprometer a segurança do estado no final de sua presidência em 2021.
F.Lecce--IM