Presidente do México: 'aparentemente' militares executaram cinco civis
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse, nesta quarta-feira (7), que "aparentemente" militares executaram cinco civis apontados como criminosos no estado de Tamaulipas (nordeste), fato captado em vídeo e divulgado por dois veículos de comunicação estrangeiros.
"Aparentemente houve justiçamento, e isso não pode ser permitido (...) Já estão a ponto de pôr à disposição (capturar) os responsáveis", disse ele, ao responder perguntas em sua coletiva de imprensa matinal.
O mandatário esclareceu, porém, que "esses são casos isolados e quando ocorrem são punidos". Atribuiu-os a "um excesso de violência" por parte dos militares.
"Não há encobrimento, porque nós não toleramos a violação dos direitos humanos", frisou, ao recordar que a Secretaria de Defesa já iniciou uma investigação "pelo suposto crime de execução extrajudicial".
O incidente ocorreu em 18 de maio, na cidade de Nuevo Laredo, fronteiriça com os Estados Unidos, segundo o jornal espanhol El País e a televisão americana Univisión.
Na noite de terça-feira, foi informado que o Ministério Público iniciou uma investigação em coordenação com a Secretaria de Defesa, o mais alto comando do Exército.
A procuradoria militar também abriu uma investigação sobre o caso e assegurou que não será tolerada "impunidade no desempenho dos militares, nem se sobreporá nenhuma conduta contrária ao Estado de direito".
- Colisão e tiroteio -
As imagens publicadas pelos dois meios de comunicação mostram, inicialmente, a colisão violenta de uma caminhonete contra o muro de um supermercado, no que parece ser uma fuga de uma perseguição. Pouco depois, um veículo militar armado bate intencionalmente na caminhonete colidida.
Os militares descem atirando contra o carro, para depois retirar seus ocupantes, que parecem estar tontos pela colisão. Mais soldados chegam ao local.
Um dos militares chuta e joga um dos supostos criminosos no chão, e outro chega para lhe dar uma surra. Depois, são arrastados e colocados contra o muro, onde é possível vê-los parcialmente.
Os soldados revistam o veículo, e um deles retira uma arma de alto calibre. Logo depois, segundo o relato da Univisión e algumas imagens, observa-se como espancam, algemam e vendam os presos.
Na sequência, os soldados parecem ser alvos de um ataque, ao qual respondem com disparos, ainda que os agressores nunca estejam visíveis no vídeo. Nenhum militar ficou ferido, segundo o relatório oficial.
Simultaneamente, um dos soldados que está sentado ao lado dos presos, aparentemente para vigiá-los, começa a atirar contra eles.
Segundos depois, um deles se arrasta como se estivesse fugindo, mas outro soldado aponta-lhe um fuzil. Logo, ele para de se mover.
Momentos depois, observam-se tentativas de alterar a cena do crime, como um soldado que coloca fuzis perto dos corpos dos detidos, e outro, que tira as algemas de um dos abatidos.
Uma ambulância chegou uma hora depois para atender um preso que seguia com vida, mas que morreu a caminho do hospital, segundo a Univisión.
O incidente ocorreu na mesma cidade onde, em fevereiro passado, militares balearam um veículo, no qual viajavam sete jovens, matando cinco deles. Aparentemente, o grupo saía de uma festa. Quatro soldados foram processados por esse caso.
Nuevo Laredo é cenário frequente de ações violentas atribuídas a narcotraficantes.
L.Marino--IM