Erdogan inicia 3º mandato como presidente da Turquia e pede reconciliação
Recep Tayyip Erdogan, no poder há 20 anos, iniciou neste sábado (3) o terceiro mandato como presidente da Turquia e pediu a reconciliação de seu polarizado país.
O chefe de Estado, de 69 anos e reeleito em 28 de maio com 52% dos votos, prestou juramento para um novo mandato de cinco anos e prometeu assumir "o dever com imparcialidade" diante dos 600 deputados eleitos em 14 de maio.
À noite, Erdogan ofereceu um jantar de gala para os cerca de 80 chefes de Estado e de governo estrangeiros que participaram da posse. Também anunciou a formação de seu novo governo, profundamente reformulado e com mudanças à frente das pastas de Defesa, Relações Exteriores e Economia.
O novo gabinete se reunirá pela primeira vez na terça-feira (6).
Usando um tom conciliador, e discursando de seu gigantesco palácio presidencial nos arredores da capital, Ancara, Erdogan convocou seus detratores a "encontrar uma maneira de fazer a paz".
"Vamos deixar de lado os ressentimentos e a raiva deste período eleitoral", disse o presidente, que derrotou seu rival Kemal Kiliçdaroglu no segundo turno.
O líder conservador pediu "aos partidos" e também "aos jornalistas, escritores, sociedade e artistas para se reconciliarem com a vontade nacional", sem mencionar as dezenas de milhares de representantes de todas essas categorias que encontram-se atrás das grades.
- "Imparcialidade" -
Os deputados da oposição permaneceram sentados quando a assembleia se levantou após o juramento e o discurso do presidente.
Sob uma forte chuva, Erdogan se dirigiu do Parlamento ao mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk, o fundador da Turquia moderna, onde se comprometeu a "levar as vítimas do terremoto de volta para suas casas o mais rápido possível".
Pelo menos 50.000 pessoas morreram no terremoto de 6 de fevereiro, deixando milhões de pessoas desabrigadas no sul do país, das quais 3 milhões foram deslocadas.
Após a posse, Erdogan retornou ao suntuoso palácio presidencial que mandou construir, onde cerca de 80 líderes estrangeiros o aguardavam, incluindo o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.
A Turquia é um dos 31 Estados membros da aliança militar liderada pelos Estados Unidos e mantém o veto à adesão da Suécia, alegando que o país oferece refúgio a ativistas de oposição que Ancara considera "terroristas".
Stoltenberg quer que a Turquia abra mão do veto antes da cúpula que a organização realizará em Vilna, na Lituânia, em julho.
- Otan e Suécia -
Também compareceram às cerimônias o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, e o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, além dos primeiros-ministros da Hungria, Viktor Orban (também contrário à entrada da Suécia na Otan) e do Catar, Mohammed bin Abderrahman al Thani, que foram os primeiros a felicitar Erdogan por sua vitória nas urnas.
Armênia e Turquia nunca estabeleceram oficialmente relações diplomáticas e a fronteira comum está fechada desde os anos 1990, mas em 2022 foram registrados os primeiros passos para uma aproximação, apesar do apoio de Ancara ao Azerbaijão na disputa territorial entre Yerevan e Baku pela região de Nagorno Karabakh.
A presença de vários chefes de Estado africanos - do Congo, Senegal, Ruanda, Somália, África do Sul e Argélia - demonstra os resultados da diplomacia ativa de Ancara no continente.
A todos eles, Erdogan prometeu "mais iniciativas para apresentar soluções às crises globais".
Após o jantar, Erdogan anunciou a composição e seu novo governo.
Conforme esperado, o cargo de Ministro da Economia, um dos mais importantes no atual contexto de crise e inflação (acima de 40%), foi concedido a um especialista renomado, Mehmet Simsek, ex-Ministro das Finanças (2009-2015) e ex-banqueiro da Merrill Lynch.
Simsek, de 56 anos, terá a tarefa de fornecer ortodoxia financeira para recuperar a confiança dos investidores.
Os principais ministérios também foram renovados.
Hakan Fidan, ex-chefe dos serviços secretos, assume o cargo de Ministro das Relações Exteriores em substituição a Mevlut Cavusoglu.
E no Ministério da Defesa, Yasar Güler, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, sucede Hulusi Akar.
Apenas dois ministros, os de Saúde e Cultura, mantêm seus cargos.
C.P.Ajello--IM