Il Messaggiere - Coreia do Norte lança satélite de reconhecimento militar, que 'cai no mar'

Coreia do Norte lança satélite de reconhecimento militar, que 'cai no mar'
Coreia do Norte lança satélite de reconhecimento militar, que 'cai no mar' / foto: Jung Yeon-je - AFP

Coreia do Norte lança satélite de reconhecimento militar, que 'cai no mar'

A Coreia do Norte lançou um satélite de reconhecimento militar nesta quarta-feira (noite de terça, 30, em Brasília), provocando o uso de sirenes de alerta na Coreia do Sul e no Japão, mas o dispositivo caiu no mar sem atingir seu alvo, informou a mídia estatal de Pyongyang.

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"O lançamento do novo foguete de transporte por satélite 'Chollima-1' caiu no Mar Ocidental (Amarelo) depois de perder o impulso devido ao arranque irregular do motor de dois estágios", informou a agência de notícias oficial KCNA.

Antes do anúncio de Pyongyang, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul indicou que seus militares estavam analisando o ocorrido com o lançamento, depois que o dispositivo desapareceu de seus radares.

"O projétil (norte-coreano) desapareceu do radar antes de atingir o ponto de chegada pretendido", disse o Estado-Maior Conjunto à agência de notícias sul-coreana Yonhap.

A Administração Nacional de Desenvolvimento Aeroespacial da Coreia do Norte atribuiu a falha no lançamento à "baixa confiabilidade e estabilidade do novo sistema de motor aplicado ao Chollima-1 e à natureza instável do combustível usado".

A entidade disse que investigaria completamente as "falhas graves" reveladas no lançamento do satélite e tentaria novamente "assim que possível".

- Lançamento anunciado -

Os militares sul-coreanos disseram ter detectado e recuperado um pedaço suspeito do satélite em águas 200 km a oeste da Ilha Eocheong.

Os Estados Unidos condenaram "fortemente" o lançamento do satélite e advertiram que o ato "aumenta as tensões" na região, disse Adam Hodge, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

Por sua vez, o Japão garantiu que "o lançamento de um míssil balístico como este" viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

A Coreia do Norte confirmou na terça-feira seus planos de lançar o que chamou de "satélite de reconhecimento militar nº 1" até 11 de junho, e que o Japão foi avisado de seus planos.

Logo após o lançamento, a Coreia do Sul divulgou um alerta de texto dizendo: "Cidadãos, por favor, preparem-se para evacuar e permitam que crianças e idosos sejam evacuados prioritariamente", enquanto sirenes tocavam no centro da capital, Seul.

Mas minutos depois, o Ministério do Interior sul-coreano reconheceu que o alerta havia sido "emitido incorretamente", sem maiores explicações.

O Japão ativou brevemente seu alerta de mísseis para a região sul de Okinawa na manhã de quarta-feira e o suspendeu cerca de 30 minutos depois.

O "satélite de reconhecimento militar nº1" será "lançado em junho" para "enfrentar perigosas ações militares dos Estados Unidos e seus vassalos", disse Ri Pyong Chol, vice-presidente da comissão militar central do partido governante da Coreia do Norte, citado pela KCNA.

Ele indicou que o satélite, juntamente com "vários meios de reconhecimento que devem ser testados, são indispensáveis para rastrear, monitorar (...) e lidar antecipadamente e em tempo real com os perigosos atos militares dos Estados Unidos e suas forças vassalas."

Seu comentário foi uma referência aos exercícios militares conjuntos de Washington e Seul nas proximidades da península coreana, que Pyongyang vê como ensaios para uma invasão.

- "Kim manteve a palavra" -

Como foguetes de longo alcance e lançadores espaciais compartilham a mesma tecnologia, os analistas acreditam que o desenvolvimento da capacidade de colocar um satélite em órbita daria a Pyongyang a cobertura para testar mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) proibidos.

"Kim manteve sua palavra e lançou o satélite espião hoje", disse Soo Kim, da LMI Consulting e ex-analista da CIA, à AFP, referindo-se ao líder norte-coreano, Kim Jong Un.

"Sabemos que a determinação de Kim não termina com esta atividade", disse o analista, acrescentando que o lançamento pode ser um "prelúdio para novas provocações, incluindo o teste nuclear sobre o qual há muito especulamos".

Após o rompimento do diálogo com Washington sobre o programa nuclear norte-coreano em 2019, Pyongyang intensificou o desenvolvimento de seu programa nuclear, com uma série de testes de armas, incluindo o lançamento de vários ICBMs.

"Se a atual missão de satélite da Coreia do Norte foi bem-sucedida ou não, pode-se esperar que Pyongyang a use como propaganda política para suas capacidades espaciais, bem como retórica diplomática para causar uma divisão entre Seul e Tóquio", disse Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, de Seul.

Desde 1998, Pyongyang lançou cinco satélites, três dos quais falharam imediatamente e dois parecem ter atingido a órbita, embora seus sinais nunca tenham sido detectados independentemente, o que pode ser devido a um mau funcionamento.

N.Baggi--IM