Biden alcança princípio de acordo com republicanos para evitar 'default catastrófico'
O presidente Joe Biden e os legisladores republicanos chegaram a um princípio de acordo para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos, em um primeiro passo crucial para evitar um "default catastrófico" da maior economia do mundo.
Esse compromisso, alcançado no sábado (27) e fruto de árduas negociações, deve ser sancionado com urgência pelo Senado e pela Câmara de Representantes.
O projeto de lei para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos é um "compromisso", disse Biden em um comunicado. "Isso significa que nem todo mundo consegue o que quer", acrescentou.
No entanto, "evita o que poderia ter sido um default catastrófico e poderia ter levado a uma recessão econômica", enfatizou o presidente.
Os líderes dos partidos agora enfrentam uma corrida contra o tempo para aprovar o acordo no Congresso, com republicanos de extrema direita e democratas progressistas criticando as concessões feitas para selar o acordo.
O acordo foi estabelecido depois que Biden conversou na noite de sábado com o líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, e com os líderes democratas de ambas as casas do Congresso, segundo uma fonte próxima às negociações.
"Acabei de falar ao telefone com o presidente", tuitou McCarthy. "Depois que ele perdeu tempo e se recusou a negociar por meses, chegamos a um princípio de acordo digno do povo americano".
McCarthy espera que na quarta-feira a Câmara de Representantes vote o projeto de lei para elevar o teto da dívida, essencial para evitar a inadimplência.
Além disso, o líder republicano informou que voltará a conversar com Biden neste domingo, enquanto supervisiona a redação final do projeto de lei, resultado de duras negociações.
Se não for alcançado, os Estados Unidos podem incorrer em default, já que o Tesouro dos EUA deixaria de cumprir seus compromissos financeiros em 5 de junho.
- "Compromisso" -
Biden parecia bastante "otimista" sobre a possibilidade de um acordo na sexta-feira, assim como McCarthy, que no início do sábado disse que se sentia "mais perto de um acordo agora do que há muito tempo".
Um dos principais pontos de divergência entre os dois partidos é o pedido dos republicanos para condicionar alguns benefícios sociais, como o auxílio-alimentação no trabalho.
O porta-voz adjunto da Casa Branca, Andrew Bates, criticou os republicanos por colocarem em risco "mais de oito milhões de empregos" enquanto tentam "tirar o pão da boca dos americanos que têm fome".
Biden, já em campanha para a reeleição em 2024, se autoproclama um lutador pela justiça social e fiscal e reitera que se opõe a cortes orçamentários maciços que afetariam os trabalhadores e as famílias mais precárias.
Segundo fonte familiarizada com as negociações, o acordo prevê a liberação do teto da dívida por dois anos, o que significa que não haverá necessidade de negociar em 2024, em meio às eleições presidenciais.
Os cortes que os republicanos queriam não estão no acordo, embora os gastos não relacionados à defesa permanecerão os mesmos no próximo ano, aumentando apenas nominalmente em 2025, disse a fonte.
Também haverá novas regras para acessar certos programas de ajuda federal, embora o acordo proteja a Lei de Redução da Inflação (IRA) e o plano de alívio de empréstimos estudantis.
Segundo Biden, "o acordo representa um compromisso, o que significa que nem todos conseguem o que querem. Essa é a responsabilidade de governar".
- Prazo ajustado -
Mesmo com o prazo mais tardio, a legislação terá que passar pelo Congresso muito mais rápido do que o normal, mesmo para os projetos menos controversos.
O Congresso foi suspenso no fim de semana prolongado para o feriado do Memorial Day, mas os legisladores provavelmente serão chamados de volta para votar.
O Congresso primeiro terá que transformar o acordo em texto legislativo. Então, levaria normalmente pelo menos mais seis dias no mínimo para ser aprovado em ambas as câmaras.
Há também a ameaça de não se chegar a um acordo no Congresso, como ameaçaram legisladores de ambos os partidos, ou de atrasar ao máximo a aprovação de um texto que faria muitas concessões ao lado oposto.
Na sexta-feira, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que conseguir um acordo é "crítico" para a economia global, enfatizando que os Estados Unidos precisam fazer "mais para reduzir sua dívida pública".
A.Goretti--IM