Ataques de Israel a Gaza deixam 1 morto e 5 feridos antes do anúncio de trégua
Ataques israelenses deixaram um morto e cinco feridos na Faixa de Gaza antes do anúncio de uma trégua nesta quarta-feira (3), para acabar com 24 horas de hostilidades entre as duas partes, anunciaram fontes palestinas.
A escalada da violência é consequência da morte, na terça-feira, de Khader Adnan, um dirigente do movimento palestino Jihad Islâmica que estava em greve de fome desde 5 de fevereiro em uma penitenciária israelense.
No entanto, tanto esta organização quanto uma fonte das forças de segurança do Egito, país que atua como mediador entre as partes, anunciaram o início de uma trégua na manhã desta quarta-feira. Israel não confirmou a informação de imediato.
"Conseguimos estabelecer uma trégua e as duas partes responderam a partir da manhã de quarta-feira", declarou à AFP uma fonte egípcia que pediu anonimato.
Catar e ONU também atuaram para conseguir a suspensão das hostilidades, iniciada às 04h (22h de terça, horário de Brasília), informaram à AFP fontes da Jihad Islâmica e do Hamas.
O exército israelense informou, ainda, que o sistema de alerta foi acionado pelos lançamentos de foguetes em localidades próximas à Faixa de Gaza às 05h30 (23h30 de terça em Brasília).
De acordo com testemunhas em Gaza, vários foguetes foram disparados a essa hora na direção do território de Israel.
"Este ciclo de confronto terminou, mas a marcha da resistência continua e não vai parar", declarou Tariq Salmi, porta-voz da Jihad Islâmica, em um comunicado.
Ismail Haniyeh, líder do Hamas, movimento que governa a Faixa de Gaza, destacou em um comunicado "a necessidade de devolver o corpo do mártir Khader Adnan à sua família".
- Símbolo para os palestinos -
Nascido na Cisjordânia ocupada, Adnan iniciou uma greve de fome ao ser detido em 5 de fevereiro e se tornou o primeiro palestino a morrer nesta forma de protesto, segundo o Clube de Prisioneiros Palestinos.
Ele havia sido indiciado por seu envolvimento com a Jihad Islâmica e por discursos de apoio a uma "organização hostil", disse à AFP uma fonte do governo israelense que pediu anonimato. Um tribunal militar rejeitou um pedido de libertação.
Detido em várias oportunidades, Adnan iniciou várias greves de fome que o transformaram em um símbolo para os palestinos.
A corte de apelações militar havia rejeitado um pedido para libertá-lo, segundo uma autoridade israelense.
Sua morte "é um testamento trágico da política e das práticas de detenção cruéis e desumanas de Israel", reagiram nesta quarta, em um comunicado, vários especialistas da ONU, nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos, mas que se expressam em seu próprio nome e não pela organização.
- Tiros e bombardeios -
Embora sua viúva, Randa Moussa, tenha pedido que não fosse derramado sangue pela morte de seu marido, grupos armados em Gaza lançaram uma centena de foguetes contra Israel, de acordo com a Jihad Islâmica.
Dois foguetes caíram em Sderot, onde três pessoas ficaram feridas, afirmaram as equipes de emergência israelenses.
Durante a noite, o exército israelense respondeu com bombardeios contra um campo de treinamento, um depósito de armas e um túnel subterrâneo do Hamas em Gaza.
Um homem de 58 anos morreu ao norte da cidade de Gaza e outras cinco pessoas ficaram feridas, segundo o ministério da Saúde do território palestino.
"Estávamos dormindo quando ouvimos um bombardeio. Um bloco de cimento caiu sobre o peito do meu pai", contou Amir Mubarak, filho de Hashel Mubarak, cujo funeral foi celebrado esta quarta em Gaza.
Em agosto de 2022, três dias de confrontos entre Israel e a Jihad Islâmica provocaram as mortes de 49 palestinos, incluindo 12 integrantes desta organização e pelo menos 19 crianças, de acordo com a ONU.
Cerca de 200 foguetes foram lançados na ocasião pelo movimento palestino a partir de Gaza contra o território israelense, onde três pessoas ficaram feridas.
I.Pesaro--IM