Il Messaggiere - Israel e Gaza trocam disparos após morte de prisioneiro palestino em greve de fome

Israel e Gaza trocam disparos após morte de prisioneiro palestino em greve de fome
Israel e Gaza trocam disparos após morte de prisioneiro palestino em greve de fome / foto: MOHAMMED ABED - AFP

Israel e Gaza trocam disparos após morte de prisioneiro palestino em greve de fome

Um duelo de artilharia começou nesta terça-feira (2) entre milicianos palestinos da Faixa de Gaza e o exército israelense, após a morte em uma prisão no Estado hebreu de um líder palestino em greve de fome por mais de 80 dias.

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Khader Adnan, autoridade do movimento palestino Jihad Islâmica, morreu nesta terça-feira aos 45 anos. Ele havia sido preso inúmeras vezes em Israel e já havia feito quatro greves de fome, o que o tornou um símbolo para os palestinos.

A administração penitenciária de Israel anunciou em um comunicado a morte do detento, que foi "encontrado inconsciente em sua cela" e depois foi hospitalizado.

A Jihad Islâmica e o Clube de Prisioneiros Palestinos confirmaram à AFP a morte de Adnan, de 45 anos.

A organização Médicos pelos Direitos Humanos de Israel o visitou recentemente e exigiu que ele fosse hospitalizado "imediatamente", assegurando que sua vida estava em risco.

"Khader Adnan escolheu a greve de fome como último recurso, um meio não violento de protestar contra a opressão a que ele e seu povo estão submetidos", reagiu a organização nesta terça-feira.

Em coletiva de imprensa em sua casa em Arraba, no norte da Cisjordânia ocupada, sua esposa Randa Musa declarou que sua morte é um "orgulho".

Na sexta-feira, a mulher afirmou que suas condições de detenção eram "muito difíceis" e denunciou que Israel se recusou a transferi-lo para um hospital civil ou permitir a visita de seu advogado.

- Foguetes lançados de Gaza -

"Não queremos que uma única gota de sangue seja derramada, não queremos que ninguém responda ao martírio (de Adnan), não queremos nenhum disparo de foguetes e depois um ataque a Gaza", pediu nesta terça-feira.

Durante a madrugada, três foguetes e um obus foram lançados de Gaza em direção a Israel, embora tenham caído em campos abertos ou perto da cerca da fronteira, anunciou o exército.

À tarde, tanques israelenses dispararam contra a Faixa de Gaza, disse o exército, e mais foguetes foram disparados do território palestino em direção a Israel, observaram os jornalistas da AFP.

Estes novos disparos foram reivindicados, em comunicado conjunto, pelos grupos armados da Faixa de Gaza, que afirmaram tratar-se de uma "primeira resposta" à morte de Khader Adnan.

Após o anúncio da morte, a Jihad Islâmica, considerada uma entidade terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, alertou que Israel "pagará o preço por este crime".

Em agosto de 2022, três dias de confrontos entre Israel e a Jihad Islâmica levaram à morte de 49 palestinos, doze dos quais eram membros da Jihad Islâmica, segundo o movimento, e pelo menos 19 eram crianças, disse a ONU.

Da Faixa de Gaza, a Jihad Islâmica disparou cerca de 200 foguetes contra Israel, causando três feridos.

Na manhã desta terça-feira, comerciantes palestinos fecharam suas lojas na Cisjordânia em resposta a uma convocação de greve geral.

No norte deste território, ocupado desde 1967, um israelense foi ferido por estilhaços de vidro e duas viaturas foram danificadas por disparos, informou o exército israelense, que procura os responsáveis.

- "Assassinato" -

Khader Adnan começou seu protesto no início de sua detenção em 5 de fevereiro, disse a administração da prisão, defendendo que ele "se recusou a fazer exames médicos e receber atendimento".

Ele foi indiciado por seu envolvimento na Jihad Islâmica e por discursos que incitavam à violência, disse uma autoridade israelense sob condição de anonimato.

Um tribunal militar de apelações recentemente rejeitou seu pedido de libertação, acrescentou.

O presidente do Clube dos Prisioneiros Palestinos, Qaddura Faris, afirmou que Adnan é o primeiro palestino a morrer como resultado direto de uma greve de fome, embora outros tenham morrido por "tentativas de alimentá-los à força".

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, descreveu a morte como "um assassinato deliberado" por Israel por "recusar seu pedido de libertação, ignorá-lo clinicamente e mantê-lo na cela apesar da gravidade de sua saúde".

L.Bernardi--IM