Il Messaggiere - ONU teme êxodo em massa do Sudão, onde combates se intensificam

ONU teme êxodo em massa do Sudão, onde combates se intensificam
ONU teme êxodo em massa do Sudão, onde combates se intensificam / foto: Daniel SLIM - AFP

ONU teme êxodo em massa do Sudão, onde combates se intensificam

As Nações Unidas advertiram, nesta segunda-feira (1), que mais de 800 mil pessoas poderiam fugir dos combates violentos que assolam o Sudão, onde disparos e explosões voltaram a sacudir o território, apesar de uma nova trégua anunciada pelo exército e pelos paramilitares.

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"Aviões de combates sobrevoam" a capital, Cartum, de cinco milhões de habitantes, e em vários bairros são ouvidos explosões e tiros, disseram testemunhas à AFP.

Centenas de pessoas morreram desde que teve início, em 15 de abril, uma guerra pelo poder entre o exército do general Abdel Fatah al Burhan e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo.

O caos em que o país está mergulhado provocou o êxodo de dezenas de milhares de sudaneses aos vizinhos Egito, Chade e República Centro-africana.

Mas o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) disse que está se preparando "para a possibilidade de que mais de 800 mil pessoas" fujam dos combates para os países vizinhos.

"Esperamos não chegar a isso, mas se a violência não tiver fim, vamos ver mais pessoas obrigadas a fugir do Sudão em busca de segurança", disse Filippo Grandi em sua conta no Twitter.

Desde o início do conflito, foram anunciadas várias tréguas que foram sistematicamente violadas. Segundo especialistas, as tréguas asseguram a manutenção de corredores seguros para a evacuação de estrangeiros e que as negociações, que ocorrem no exterior, continuem.

Um navio humanitário americano conseguiu levar mais de 300 pessoas para a Arábia Saudita nesta segunda.

- "Situação humanitária no limite" -

O encarregado de assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths, alertou neste domingo na região que "a escala e a rapidez com que os eventos se desenvolvem no Sudão (são) sem precedentes".

"A situação humanitária está chegando ao limite" no país, alertou. O Sudão é um dos países mais pobres do mundo.

O saque maciço a escritórios e armazéns humanitários "esgotou a maior parte de nossos estoques", acrescentou.

Neste contexto, o Programa Mundial de Alimentos levantou "imediatamente" a suspensão de suas atividades, que tinha sido determinada após a morte de três funcionários. Esta ajuda é vital em um país onde um terço de seus habitantes sofria com a fome antes da guerra.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a crise sanitária no Sudão se tornou uma "catástrofe".

Depois de 20 anos de embargo internacional, "o sistema de saúde está confrontado a múltiplas crises, com infraestruturas extremamente frágeis", explicou à AFP Ahmed Al-Mandhari, diretor regional da OMS.

Atualmente, "apenas 16% dos hospitais de Cartum operam com capacidade máxima" e outros foram bombardeados, ocupados por beligerantes ou carecem de pessoal ou suprimentos, afirmou.

Até agora, os combates deixaram 528 mortos e 4.599 feridos, segundo números oficiais, considerados muito abaixo do balanço real.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha conseguiu introduzir, neste domingo, a primeira carga de ajuda desde o início do conflito, um total de oito toneladas de material, que podem ajudar a tratar "1.500 feridos".

Em Cartum, os habitantes que não conseguiram fugir, sobrevivem em meio à falta de comida, água e eletricidade.

- "Esforços tímidos" -

As autoridades do estado de Nilo Branco, no sul do Sudão, anunciaram que nos "últimos dias" chegaram 700 mil deslocados.

A Liga Árabe se reuniu nesta segunda, no Egito, para debater a situação depois que os Emirados Árabes Unidos, aliados do general Daglo, anunciaram ter feito contato com o chefe do exército.

O general Burhan enviou um emissário no domingo para a Arábia Saudita e Riade pediu uma reunião da Organização de Cooperação Islâmica na quarta-feira.

A ONU está particularmente preocupada com a situação na província de Darfur do Oeste, onde cerca de 100 pessoas morreram nos combates, segundo a organização.

Esta região sofreu uma sangrenta guerra civil, que começou em 2003 entre as forças do ditador Omar al Bashir e minorias étnicas.

Apesar da rivalidade atual entre Burhan e Daglo, ambos os generais se aliaram em um golpe de Estado em 2021 para marginalizar os civis do governo que assumiu após a deposição de al Bashir.

Pouco depois, começaram suas divergências por seu desacordo sobre a integração dos paramilitares ao exército, o que levou ao conflito que agora castiga o país.

V.Agnellini--IM