Violência de gangues se espalha no Haiti em ritmo 'alarmante', diz ONU
A violência das gangues no Haiti se espalha em um ritmo "alarmante" por áreas que até agora eram relativamente seguras, alertou o enviado especial da ONU para o país caribenho nesta quarta-feira (26).
"A violência alarmante nas áreas onde as gangues atacam, como a violência sexual particularmente contra mulheres e meninas, é emblemática do terror que afeta grande parte da população haitiana", disse a equatoriana María Isabel Salvador em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
Em sua primeira semana no Haiti, Salvador - recém-nomeada pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, como enviada especial para aquele país - "conseguiu" circular por algumas ruas da capital Porto Príncipe.
"Senti a tensão e reconheci o medo que os haitianos vivem todos os dias", disse, depois de recordar a "necessidade urgente de apoio internacional à polícia local" – com apenas 3.500 efetivos para garantir a segurança de todo o país – para enfrentar a "a rápida deterioração da situação de segurança".
O sentimento geral é de que "será difícil avançar sem abordar a insegurança desenfreada de forma eficaz", lembrou.
Segundo dados da Polícia Nacional do Haiti e do Escritório Integrado da ONU no país, no primeiro trimestre de 2023 houve 1.647 ocorrências criminais - homicídios, estupros, sequestros e linchamentos -, mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado.
Essa violência se explica em grande parte pela disputa pelo controle dos bairros, onde quase não há ou simplesmente não há presença policial, o que em muitos casos leva os próprios moradores a fazerem justiça com as próprias mãos.
Apenas dois dias atrás, um grupo de civis tirou 13 supostos membros de gangues da custódia da polícia e os linchou até a morte, depois queimou seus corpos, lembrou a enviada da ONU.
"Essa dinâmica conduz inevitavelmente à ruptura do tecido social, com consequências imprevisíveis para toda a região", alertou Salvador.
O.Esposito--IM