Trump conquista vitória judicial com adiamento de sentença no caso Stormy Daniels
O juiz a cargo do processo contra Donald Trump pela compra do silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels adiou por tempo indeterminado o anúncio da condenação, o que representa uma vitória para o presidente eleito, que voltará à Casa Branca em janeiro.
Em sua decisão, o juiz Juan Merchan adiou "sine die" a sentença, prevista para 26 de novembro, e aceitou que a defesa apresente um recurso antes de 2 de dezembro para arquivar o caso.
Trump, de 78 anos, foi declarado culpado em maio passado por 34 acusações de "falsificação contábil agravada" no pagamento de 130 mil dólares (cerca de R$ 420 mil na cotação da época) à ex-atriz de filmes pornô Stormy Daniels, para que ela mantivesse silêncio sobre uma suposta relação extraconjugal em 2006, algo que o magnata sempre negou.
Os promotores argumentaram que o pagamento visava encobrir um possível escândalo que prejudicasse sua campanha presidencial em 2016, quando o magnata derrotou a democrata Hillary Clinton.
A defesa de Trump tem tentado de todas as maneiras evitar qualquer sentença contra o republicano antes de seu retorno à Casa Branca, em 20 de janeiro. Sua vitória nas eleições de 5 de novembro colocou a justiça em uma situação inédita.
Antes das eleições, os advogados de Trump haviam solicitado o arquivamento do caso à luz de uma decisão da Suprema Corte, que determinou que os presidentes possuem imunidade durante o exercício da Presidência em seus atos oficiais.
No entanto, os promotores de Manhattan argumentaram que, quando os atos do caso Stormy Daniels ocorreram, Trump não era presidente.
O promotor de Manhattan, Alvin Bragg, se disse aberto, na terça-feira, a uma "suspensão" dos procedimentos devido às "circunstâncias sem precedentes" geradas pela eleição de Trump à Casa Branca.
Coincidindo com o posicionamento dos advogados de defesa, Bragg reconheceu que deveria ser considerada a possibilidade de sobrestar todos os processos "até o fim do mandato" do 47º presidente dos Estados Unidos.
- "Vitória decisiva" -
"Em uma vitória decisiva para o presidente Trump, o falso caso em Manhattan está agora totalmente suspenso e a sentença adiada", reagiu o diretor de comunicações do republicano, Steven Cheung, em um comunicado.
"O povo americano emitiu um mandato para devolvê-lo ao cargo e acabar com todos os casos da caça às bruxas", acrescentou.
O magnata de Nova York sempre repetiu que seus problemas com a justiça eram "uma caça às bruxas" orquestrada pelos democratas para impedi-lo de voltar à Casa Branca.
O caso de Nova York foi o único dos quatro processos judiciais abertos que fez com que Trump se sentasse no banco dos réus, tornando-se o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado.
Outros processos judiciais estão pendentes. Jack Smith, o promotor especial nomeado para investigar e acusar Trump em dois casos federais, pediu prazo até 2 de dezembro para "determinar os passos apropriados de acordo com a política do Departamento de Justiça", que há meio século adota a política de não investigar um presidente em exercício.
Coincidindo com os advogados de defesa, Bragg reconheceu que deveria ser considerada a possibilidade de congelar todos os casos "até o fim do mandato" do 47º presidente dos Estados Unidos.
Como presidente, Trump poderia, no entanto, intervir para dar um fim a todos esses casos.
Após a decisão do juiz Merchan, agora fica pendente outro processo na esfera estadual na Geórgia, também por tentativa de interferência no resultado das eleições.
A.Goretti--IM