Novas chuvas torrenciais deixam milhares de deslocados na Espanha
As chuvas torrenciais que voltaram a atingir a Espanha nesta quarta-feira (13) deixaram escolas fechadas, milhares de pessoas deslocadas e trens suspensos, depois das enchentes que há duas semanas mataram pelo menos 223 pessoas, a maioria na região de Valência.
A agência meteorológica nacional (Aemet) manteve o alerta vermelho na província andaluza de Málaga, no sul, e em Tarragona, no nordeste, devido a esta nova Dana (Depressão Atmosférica em Níveis Altos) ou gota fria, como o fenômeno é conhecido.
Uma Dana é uma massa de ar que emerge de uma corrente muito fria e desce sobre outra de ar quente, produzindo grandes perturbações atmosféricas acompanhadas de precipitações muito intensas.
A cidade de Málaga parece ser a mais afetada pelas chuvas até o momento, com a retirada de mais de 3.000 pessoas de mil casas próximas aos rios, ruas alagadas, suspensão dos transportes urbanos e do serviço ferroviário com Madri.
"Hoje Málaga está paralisada", disse aos jornalistas o presidente regional da Andaluzia, Juan Manuel Moreno. "Sei que é um problema para os cidadãos não poder levar os filhos às aulas" ou trabalhar, mas depois do que se viu em Valência deve-se "prevenir" e "minimizar o impacto em termos de perda de vidas humanas", acrescentou.
A tempestade levou ao adiamento para sexta-feira da eliminatória entre Espanha e Polônia da Taça Billie Jean King de Tênis Feminino, que seria disputada na tarde desta quarta-feira em Málaga.
"Desde ontem à noite fomos mais do que avisados", disse à AFPTV Ida María Ledesma, uma educadora social de 39 anos, moradora no bairro de Campanillas, em Málaga. "A mobilização, muito boa. Acho que não foi nada exagerada", acrescentou sobre as medidas adotadas.
- "Nada a perder" -
Nas áreas sob alerta vermelho, próximas ao litoral, poderão ser acumuladas chuvas entre 120 e 180 mm, segundo a Aemet. A precipitação continuará até sexta-feira.
A chuva também é esperada nas zonas de Valência atingidas pelas cheias de 29 de outubro, entre o receio de que os esgotos transbordem devido à lama solidificada e a resignação de alguns moradores incapazes de imaginar como as coisas poderiam piorar.
"Já perdemos os carros, já perdemos a maior parte da casa e também não temos os empregos. Então, não há nada a perder agora", explicou Carlos Moltó, morador do município de Picanya, à televisão regional valenciana A Punt.
Depois de uma luta titânica para limpar as ruas, a localidade próxima de Paiporta, um dos epicentros do desastre, foi novamente inundada, informou o jornal local Las Provincias.
Vários municípios valencianos pediram aos milhares de voluntários que não compareçam nesta quarta-feira. A circulação de veículos particulares nessas regiões está restrita entre a tarde de quarta e a de quinta-feira.
As novas chuvas também afetaram a busca pelos 17 desaparecidos, concentrada principalmente em barrancos e foz de rios.
"Após esse episódio meteorológico, as marés serão novamente avaliadas para determinar as áreas de busca", explicou à imprensa Rosa Tourís, porta-voz do comitê de emergência de Valência.
- "Muito cuidado" -
As autoridades de Andaluzia e da Catalunha, que estão em alerta vermelho, enviaram antecipadamente uma mensagem de alerta para os celulares dos moradores.
"Tenham muito cuidado, evitem deslocamentos e sigam os conselhos" dos serviços de emergência, disse a mensagem enviada em Málaga.
As autoridades valencianas foram muito criticadas por terem enviado esta mensagem muito tarde no dia 29 de outubro, quando muitos cidadãos que levavam a sua vida normal já estavam com água até o pescoço.
A ameaça da chuva levou as autoridades a suspenderem as aulas em partes do sul da Catalunha e em localidades da Andaluzia, como Granada. Também na cidade de Valência, onde a suspensão foi prorrogada até quinta-feira.
A tempestade provocou ondas de mais de 4 metros no litoral, estradas foram fechadas, serviços ferroviários foram interrompidos e os portos de Valência e Sagunto foram fechados ao tráfego marítimo.
F.Laguardia--IM