Il Messaggiere - Papa reafirma que Igreja deve pedir 'perdão' por agressões sexuais contra menores

Papa reafirma que Igreja deve pedir 'perdão' por agressões sexuais contra menores
Papa reafirma que Igreja deve pedir 'perdão' por agressões sexuais contra menores / foto: Handout - VATICAN MEDIA/AFP

Papa reafirma que Igreja deve pedir 'perdão' por agressões sexuais contra menores

O papa Francisco reafirmou nesta sexta-feira (27) que a Igreja Católica deve buscar o "perdão" pelo "flagelo" dos abusos sexuais de menores de idade, em um discurso diante de representantes políticos e da sociedade civil na Bélgica.

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"A Igreja deve ter vergonha e pedir perdão. E tentar resolver esta situação com humildade cristã, e fazer todo o possível para que não volte a acontecer", disse o papa no encontro, que teve a presença do rei belga Philippe.

"Penso nos casos dramáticos de abusos de menores, um flagelo que a Igreja está enfrentando com determinação e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e implementando um amplo programa de prevenção em todo o mundo", disse.

"Esta é a vergonha que todos temos que assumir agora, pedir perdão e resolver o problema", completou.

No discurso, o papa argentino fez referência a um grande escândalo que abalou a Igreja belga no ano passado, relacionado com abusos de menores e adoções forçadas de crianças de mães solteiras.

"Me entristece o fenômeno das 'adoções forçadas', também presentes aqui na Bélgica entre os anos 50 e 70 do século passado", disse.

O site belga HLN calcula que quase 30 mil crianças foram retiradas das suas mães na Bélgica entre 1945 e a década de 1980.

Bispos do país pediram desculpas em 2023 e solicitaram uma investigação independente sobre os casos.

"Nestas histórias espinhosas, misturou-se o fruto amargo de um crime e um delito, com aquilo que era infelizmente o resultado de uma mentalidade difundida em todas as camadas da sociedade", disse o pontífice.

"Com frequência, as famílias e outras entidades sociais, incluindo a Igreja, pensaram que para eliminar o estigma negativo, que infelizmente afetava quem era mãe solo naquela época, seria melhor para ambos, mãe e filho, que este último fosse adotado", completou.

Durante a sexta-feira, o pontífice de 87 anos comparecerá a um encontro com vítimas de agressões sexuais no âmbito religioso, uma reunião que, segundo a Igreja belga, será organizado com "máxima discrição".

- As palavras "não são suficientes" -

Os escândalos sobre violência sexual e os casos de adoção forçada são um ponto central da visita papal à Bélgica.

Antes do discurso do papa, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, afirmou que "as palavras não são suficientes. Também é necessário adotar medidas concretas".

A questão é muito sensível na Bélgica e o programa da missa papal prevista para domingo teve que ser alterado quando foi revelado que o compositor de um hino religioso que seria cantado no evento é um padre acusado de abuso sexual.

O erro levou o presidente da Conferência Episcopal Belga, arcebispo Dom Luc Terlinden, a admitir que a Igreja precisa melhorar o controle dos casos e dos perpetradores.

"Isto representa um grande desafio para nós, mas devemos pensar seriamente sobre isso com a ajuda de advogados e psicólogos", disse. O compositor, que morreu este mês, supostamente resolveu um caso de agressão sexual de maneira extrajudicial em 2002.

Francisco iniciou na quinta-feira uma visita de quatro dias a Luxemburgo e Bélgica.

Em um discurso em Luxemburgo, o pontífice fez um alerta na quinta-feira contra "os caminhos trágicos da guerra".

Francisco, que frequentemente denuncia as consequências do que chama de "Terceira Guerra Mundial em pedaços", não mencionou a Ucrânia nem Rússia, tampouco o conflito no Oriente Médio.

Na quarta-feira, ele chamou de "inaceitável" a "terrível escalada" no Líbano e pediu à comunidade internacional que faça o possível para acabar com a crise.

K.Costa--IM