Ex-funcionária de comissão antimáfia da ONU é presa na Guatemala
A polícia da Guatemala prendeu, nesta segunda-feira (28), uma ex-funcionária de uma comissão antimáfia da ONU. Ela se junta, agora, a 30 ex-oficiais de justiça que investigavam casos de corrupção e estão detidos ou exilados.
"A Promotoria de Assuntos Internos coordenou com a Polícia Nacional Civil a apreensão de Claudia González", indicou a Promotoria na rede social X, antigo Twitter.
Ao chegar aos tribunais da capital, González disse a jornalistas que sua prisão estaria relacionada a uma investigação realizada em 2017 contra uma magistrada do Poder Judiciário, acusada de pressionar um juiz para favorecer um filho envolvido em um caso de corrupção.
"Obviamente é uma criminalização, perseguição e um processo criminal desnecessário do Ministério Público (Promotoria)", disse González, de 56 anos.
A Promotoria realizou uma operação contra ex-oficiais de justiça e também abriu um processo por lavagem de dinheiro contra José Rubén Zamora, dono de um jornal que investigava casos de corrupção, que foi condenado em maio a seis anos de prisão.
Além disso, a Promotoria guatemalteca foi criticada pelo país e pelo exterior devido à intromissão no processo eleitoral recém-finalizado - no qual abriram uma investigação contra o partido Semilla, do deputado sócio-democrata Bernardo Arévalo, com o objetivo aparente de impedi-lo de ganhar a eleição presidencial de 20 de agosto.
Gonzáles e outros ex-procuradores são acusados, majoritariamente, por abuso de autoridade na Promotoria, liderada por María Consuelo Porras - que em 2021 foi incluída em uma lista dos EUA que apontavam personagens "corruptos" da América Central.
González, de 56 anos, participou de investigações da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), uma entidade endossada pela ONU que destrinchou redes de corrupção estatais entre 2007 e 2019.
Como advogada, ela defendeu a ex-promotora antimáfia Virginia Laparra, condenada no ano passado a quatro anos de prisão por abuso de autoridade, em um polêmico julgamento criticado pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Ela também defende o ex-promotor Juan Francisco Sandoval, que se exilou em 2021 após ser demitido por Porras, e que nesta segunda-feira denunciou buscas nas casas de seus pais e de González.
"O objetivo da promotora Porras está claro: garantir a impunidade em investigações de corrupção e se vingar", disse na rede X o subdiretor para as Américas da organização Human Rights Watch, Juan Pappier.
L.Marino--IM