Ao menos 18 detentos morrem por rebelião no Equador
Pelo menos 18 detentos morreram em uma nova explosão de violência carcerária que começou no sábado no Equador e se estendeu até esta terça-feira (25), quando militares e policiais entraram na penitenciária de Guayaquil (sudoeste) para retomar o controle do presídio, informou a Promotoria.
"Até o momento, está confirmada a morte de 18 detentos, após os confrontos registrados desde sábado na Penitenciária do Litoral, em Guayaquil. Além disso, 11 pessoas (incluindo um policial) ficaram feridas", disse a Promotoria em sua conta no Twitter.
De início, no sábado, o organismo que administra as prisões (SNAI) havia reportado "três feridos leves" devido a um incidente nessa prisão, também conhecida como Guayas 1.
No domingo, o órgão confirmou um confronto entre facções criminosas dentro da prisão e informou que havia seis mortos e 11 feridos.
Nesta terça-feira, um efetivo de 2.700 militares e policiais entrou na penitenciária para retomar o controle do local. A intervenção se deu no âmbito de um estado de exceção declarado em todo o sistema penitenciário por 60 dias.
"O Estado põe ordem na Penitenciária do Litoral porque a força coercitiva jamais se curvará", escreveu o presidente Guillermo Lasso em sua conta na rede social Twitter, agora chamada de "X".
O mandatário incluiu em sua mensagem fotografias que mostram militares fortemente armados que vigiam dezenas de presos em um pátio. Os reclusos aparecem com o torso nu, alguns sentados e outros deitados de cabeça para baixo, e com as mãos atadas.
As autoridades não informaram sobre a situação de 96 agentes penitenciários presos em cinco cadeias em consequência dos conflitos em Guayas 1. Também não mencionou os presos que entraram em greve de fome em 13 centros de detenção.
- Incêndio, armas e um decapitado -
Desde fevereiro de 2021, as prisões equatorianas são cenário de recorrentes massacres que deixaram mais de 420 presos mortos e um rastro de terror com corpos decapitados e cremados.
As gangues transformaram os presídios em seus centros de operações. Elas disputam o controle do território para o tráfico de drogas - um mal crescente no Equador.
Do lado de fora da prisão, diversos familiares dos detentos esperavam notícias. Ambulâncias e veículos da unidade de criminalística entraram na cadeia, constatou um jornalista da AFP.
A entrada dos militares na cadeia Guayas 1 ocorreu durante a madrugada.
"A missão é conseguir restaurar a ordem neste centro penitenciário para precaver a vida, a saúde e a segurança das pessoas privadas de liberdade", declarou, fora da prisão, o comandante-geral das Forças Armadas, Nelson Proaño.
Ele acrescentou que os barulhos na área são por conta de "explosões realizadas por grupos de elite das Forças Armadas, exatamente para conseguirem tomar o controle das entradas".
De acordo com Proaño, um soldado foi ferido por um estilhaço.
Um recente censo estabeleceu que nas 36 prisões locais - com capacidade para aproximadamente 30.000 pessoas - há uma população de 31.321 presos. A maioria foi preso por narcotráfico.
No país, há apenas 2.897 agentes penitenciários, que trabalham por turnos.
Um comitê de pacificação criado pelo governo de Lasso classificou, no ano passado, as prisões equatorianas de "armazéns de seres humanos e centros de tortura".
Localizado entre a Colômbia e o Peru - principais produtores de cocaína do mundo - o Equador apreendeu 455 toneladas de drogas desde que Lasso assumiu o cargo, em maio de 2021. No mesmo ano, o recorde anual de apreensões de drogas foi registrado em aproximadamente 210 toneladas.
H.Gallo--IM