Furacão Milton 'extremamente perigoso' toca o solo nos EUA
O ciclone Milton tocou terra no estado da Flórida nesta quarta-feira (9) como um furacão "extremamente perigoso" de categoria 3, trazendo tempestades, ventos extremos e inundações repentinas potencialmente mortais, informou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês).
"As informações mostram que o olho do furacão Milton tocou o solo perto de Siesta Key, no condado de Sarasota, ao longo da costa oeste da Flórida", diz o boletim do NHC divulgado às 20h30 locais (21h30 em Brasília).
"A tempestade já está aqui. É hora de todos nos resguardarmos", disse o governador Ron DeSantis em uma coletiva de imprensa pouco antes da chegada de Milton.
Milton chega à Flórida após perder força, da categoria 5 para 3, segundo o serviço meteorológico americano, sem que isso mude substancialmente a ferocidade dos ventos e a tempestade que deve atingir a zona densamente povoada do centro-oeste da Flórida.
As cidades de Tampa e Sarasota estão exatamente no caminho da tempestade, uma área atingida há duas semanas pelo furacão Helene, que matou 235 pessoas no sudeste do estado.
No México, Helene provocou danos menores no litoral, mas deixou dezenas de pescadores à deriva.
Nesta quarta, as autoridades mexicanas anunciaram que quatro pescadores foram resgatados e levados a um porto seguro no estado de Yucatán após 12 dias de sobrevivência em alto-mar, mas há pelo menos outros 12 desaparecidos.
A previsão indica que Milton também deve se dirigir para o Oceano Atlântico, com o centro turístico de Orlando, onde fica o parque Walt Disney World, em seu caminho.
"Estou nervoso. Isso é algo pelo qual acabamos de passar com a outra tempestade: o solo está saturado, ainda estamos nos recuperando disso", disse à AFP Randy Prior, 36 anos, morador de Sarasota e proprietário de uma empresa de piscinas, antes da chegada do ciclone.
Prior planejava passar a tempestade em casa, depois de ter suportado as inundações provocadas por Helene, que também causou estragos em áreas remotas da Carolina do Norte e mais para o interior.
"Sou dono de uma empresa, portanto, quando a tempestade passar, tenho que estar aqui, ajudar na limpeza e fazer tudo voltar ao normal. Mas é uma grande tempestade, sem dúvida", disse ele.
- 'Um golpe muito forte' -
Mais cedo, Luis Santiago, que mora em Tampa, disse que "fecharia tudo" e iria embora. "Veremos o que aconteceu quando eu voltar."
Autoridades pediram incessantemente que as pessoas em áreas de risco procurassem abrigo em locais seguros.
"Este furacão vai representar um golpe muito forte, e causará danos enormes", declarou DeSantis.
Os aeroportos de Tampa e Sarasota foram fechados até nova ordem.
- Eleições e teorias da conspiração -
O presidente Joe Biden disse que Milton pode ser "a pior tempestade na Flórida em um século" e pediu aos americanos em áreas de risco para saírem "agora, agora, agora!".
"É uma questão de vida ou morte", acrescentou o presidente, que cancelou uma viagem à Alemanha e Angola esta semana devido à emergência.
A poucas semanas da eleição presidencial, Donald Trump e alguns de seus aliados republicanos de extrema direita transformaram os desastres de Helene e Milton em tema de campanha.
Teorias da conspiração sobre o impacto do governo no clima e desinformação sobre o suposto fracasso do governo Biden e da candidata democrata Kamala Harris em sua resposta à emergência se espalharam rapidamente.
"O oeste da Carolina do Norte e todo o estado, na realidade, foram total e incompetentemente mal administrados por [Kamala] Harris e [Joe] Biden", disse Trump na quarta-feira em seu site de rede social Truth Social.
Kamala, por sua vez, provocou Trump em um programa de TV na noite desta terça-feira: "Você não tem empatia pelo sofrimento das pessoas?"
Cientistas indicam que as mudanças climáticas podem ter um papel na rápida intensificação dos furacões, porque as superfícies oceânicas mais quentes liberam mais vapor d'água, dando às tempestades mais energia e intensificando seus ventos.
A chuva e os ventos trazidos pelo furacão Helene foram 10% mais intensos devido à mudança climática, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira pela rede World Weather Attribution (WWA).
V.Agnellini--IM