Paraguai denuncia 'exigências ambientais muito duras' da UE ao Mercosul
O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, alinhou-se nesta terça-feira (16), em Brasília, à posição do Brasil, ao denunciar o que chamou de "exigências ambientais muito duras" da União Europeia ao Mercosul, mas expressou otimismo em relação à ratificação do acordo comercial de 2019 pelos dois blocos.
"Somos favoráveis a esse acordo" entre a UE e o Mercosul, disse Peña, que venceu as eleições presidenciais em seu país há duas semanas. Mas "também compartilhamos a posição do Brasil de que algumas restrições, principalmente em termos ambientais, são muito duras para uma região do mundo que precisa se desenvolver", disse o mandatário eleito do Paraguai no Palácio do Planalto, após uma reunião com o presidente Lula.
Para Peña, que disse "pensar positivo" sobre as negociações, os países do Mercosul - formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - precisam ser "cuidadosos com o meio ambiente", mas, ao mesmo tempo, devem encarar seu desenvolvimento em função de seus próprios interesses.
Em suas redes oficiais, Lula elogiou a conversa com Peña e agradeceu o convite para a posse do mesmo, em agosto. Também ressaltou a intenção dos dois países vizinhos de fortalecer os laços bilaterais.
Os líderes também conversaram sobre o tratado da usina hidrelétrica de Itaipu Binacional, que será revisado neste ano, e sobre as iniciativas de integração regional. "Sou uma pessoa que irá apoiar o processo de integração em todos os âmbitos", ressaltou o presidente eleito do Paraguai.
Lula, que devolveu o Brasil à Unasul após quatro anos de ausência por decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, convidou os líderes sul-americanos a um "retiro" em Brasília no próximo dia 30, para reativar a integração.
- Deputados europeus -
UE e Mercosul fecharam um acordo comercial em 2019, depois de mais de 20 anos de negociações complexas, mas o mesmo não foi ratificado devido, entre outras coisas, à preocupação na Europa pela política ambiental de Bolsonaro.
O tom mudou favoravelmente após o retorno ao poder de Lula, que prometeu combater o desmatamento, embora novas condições apresentadas pela União Europeia sobre questões ambientais tenham gerado tensão.
Os agricultores europeus temem a entrada em seu mercado de mais produtos agrícolas sul-americanos, que, segundo eles, têm normas de produção menos estritas. Ao contrário da UE, o Brasil não proibiu os antibióticos promotores do crescimento nas rações animais.
Os países do Mercosul preparam uma contraproposta, mas ainda não definiram uma data para sua apresentação.
Os desafios para fechar o acordo UE-Mercosul estão na agenda de uma delegação de membros da comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu que visita Brasília e São Paulo nesta semana. Os parlamentares se reuniram a portas fechadas hoje com o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
I.Pesaro--IM